A minha mãe sempre me disse “ninguém dá nada a ninguém”, e de facto é mesmo verdade. Quando estás a usar um produto que é gratuito, e não existe qualquer intenção de começar a ser pago, bem… O produto és tu.
Mas o que significa isto?
Sabe qual é verdadeiro custo da IA gratuita?
É cada vez mais normal usar um qualquer sistema de IA, como é o exemplo do ChatGPT. Até os utilizadores mais envelhecidos, e com mais resistência a novas tecnologias, vão aos poucos dando algumas oportunidades à “novidade”.
Dito tudo isto, pedir informação como planos de treino, fórmulas de Excel, etc… Tem um preço. Sim, você pode nem pagar o ChatGPT, Gemini, etc… Mas como deve imaginar, ninguém lhe está a oferecer o serviço de borla. Especialmente porque o desenvolvimento das LLMs é caro, e ainda mais caro é o processamento que é feito para lhe responder aos pedidos.
Infelizmente, cada vez que perguntas algo ao ChatGPT, um site morre um bocadinho. Pode parecer exagero, mas não é. É exatamente por isso que já existe um processo judicial sério que pode mudar um pouco o paradigma da coisa. Ou seja, a gigante Ziff Davis, que é dona de marcas como a IGN, PCMag ou Mashable, está a processar a OpenAI, acusando-a de roubar o conteúdo sem autorização.
Afinal de contas, o ChatGPT tem de ir buscar a informação a algum lado. Ela não caiu do céu.
Dito isto, a decisão pode definir o futuro de toda a Internet como a conhecemos.
O problema é simples: quem alimenta a IA?
Os modelos de IA como o ChatGPT não aparecem do nada.
São treinados com anos de trabalho de jornalistas, bloggers, fóruns, guias técnicos, especialistas… Talvez até coisinhas que você andou a dizer no Facebook. Ninguém foi avisado, nem pago. É como se estivéssemos todos a alimentar uma máquina que, no fundo, está a roubar-nos o pão da mesa.
O impacto está à vista de todos?
A IA responde. Tu não clicas em mais lado nenhum… e agora?
- O tráfego dos sites desce
- A receita publicitária desaparece
- As redações encolhem
- Os sites fecham
- E a IA? Continua a responder, mas vai ficando sem fontes.
É uma espécie de canibalismo digital.
A IA precisa de conteúdo humano para funcionar, mas está a destruir a própria base que lhe deu vida, e tem permitido evoluior ao ritmo e escala que temos visto.
Estamos a criar um deserto de criatividade
Não é só o ChatGPT.
A Google, Meta, Amazon… Todas as grandes empresas querem treinar IA com base no trabalho de quem, durante anos, criou valor. O que está tudo certo, o problema é que querem ficar com tudo a pagar zero.
Infelizmente, apesar da magia da IA, a continuar assim, a internet vai deixar de ser um espaço dinâmico, cheio de perspetivas e conhecimento real. Para ser uma máquina de resumos genéricos, sem alma e sem fontes.
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