Pagar só encostando o cartão parece “demasiado fácil”, por isso muita gente acha que é inseguro. Mas há limites e travões automáticos a trabalhar em teu favor e eles são mais rígidos do que as pessoas pensam. Em Portugal (e no resto da UE com as mesmas regras PSD2/SCA), podes pagar contactless sem meter PIN até 50 € por compra. Mas não é liberdade infinita: há contadores internos. Ao fim de várias compras seguidas, o cartão obriga-te a usar o PIN e bloqueia novos toques “livres” até confirmares que és tu. Vamos desfazer os mitos um por um.
Mito 1: “Se alguém roubar o meu cartão pode andar o dia inteiro a pagar sem PIN”
Não. O contactless sem PIN está limitado de duas maneiras:
Limite por transação: não podes passar mais de 50 € sem PIN numa única compra.
Limite acumulado: não podes fazer mais do que 5 pagamentos seguidos sem PIN, nem ultrapassar um total de cerca de 150 € em pagamentos contactless seguidos sem PIN. Depois disso, o terminal vai obrigar a introduzir PIN e o contador é reiniciado.
Ou seja: alguém podia, no pior cenário, fazer umas poucas compras pequenas antes de ser travado. Não dá para andar a passear o teu cartão o dia todo em modo “toque e foge”.
Mito 2: “O PIN só aparece quando o montante é alto”
Também não é assim. Mesmo que continues a fazer compras baratinhas (7 €, 12 €, 18 €…), chega um ponto em que a máquina vai dizer “Introduza PIN” só porque já fizeste operações contactless suficientes sem autenticação forte. Isto é obrigatório pelas regras de segurança fortes (“Strong Customer Authentication”, ou SCA) na Europa.

Tradução: mesmo abaixo dos 50 €, o sistema pode acordar e pedir o teu PIN do nada, só para garantir que és mesmo tu.
Mito 3: “Contactless é menos seguro do que pagar com tarja”
É ao contrário. A tarja magnética é praticamente anos 90: dá menos informação de segurança e é fácil de clonar. O contactless usa o chip e segue regras PSD2/SCA, com limites progressivos, contadores e pedidos de PIN aleatórios. Em muitos bancos consegues ainda ativar alertas instantâneos de transação no telemóvel: se alguém usar o cartão, recebes notificação quase em tempo real.
Ou seja: o contactless não eliminou segurança automatizou-a.
Mito 4: “Se me roubarem o cartão estou tramado, o banco não me cobre”
Roubo de cartão + operações que tu não fizeste = pagamento não autorizado. Isto entra nas mesmas regras europeias que protegem o consumidor em transações não autorizadas: tens direito a contestar as operações junto do banco e pedir o estorno. O banco pode analisar, claro, mas a ideia de “perdeste o cartão, azar o teu” não bate com o enquadramento atual de pagamentos eletrónicos na UE.
Importante: quanto mais cedo bloqueares o cartão, melhor. A maioria das apps bancárias hoje deixa congelar o cartão em segundos, sem teres de falar com ninguém.
Mito 5: “O banco deixa isto assim porque lhe dá jeito, não por minha causa”
Também não. A regra do contactless sem PIN até 50 €, com limite máximo de cerca de 150 € totais ou 5 transações seguidas antes de voltar a pedir autenticação forte, não é um capricho comercial. É descrita nas normas técnicas de SCA e confirmada pelo Banco de Portugal: é literalmente desenhada para equilibrar conveniência (“toca e segue”) com segurança (“mostra PIN de vez em quando ou bloqueio”).
Em linguagem simples: cada vez que o terminal te pede PIN “sem motivo”, esse momento chato é exatamente o que está a impedir que alguém abuse do teu cartão.
O que tu podes (e deves) fazer já
Só umas coisas rápidas que reduzem ainda mais o risco:
Ativa alertas de movimento na app do banco. Cada vez que o cartão passa, recebes push. Se não foste tu, bloqueio imediato.
Bloqueia o contactless remotamente (há bancos que te deixam desligar e voltar a ligar).
Liga o cartão ao telemóvel / relógio. Pagamento via wallet usa autenticação biométrica (dedo/face) antes de sequer aproximar.
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