Durante muito tempo, ter um leitor de Cartão de Cidadão em casa parecia obrigatório. Quem queria tratar de IRS, assinar documentos ou entrar nas Finanças precisava daquele pequeno acessório USB ligado ao computador. Lembro-me de ter comprado até mais do que um. Mas hoje o cenário mudou. Com a Chave Móvel Digital (CMD) e a app do Estado no telemóvel, a pergunta é outra. Ainda faz sentido gastar dinheiro num leitor em 2025?
O que a Chave Móvel Digital já faz sozinha
A Chave Móvel Digital transformou-se, na prática, na “chave mestra” dos serviços públicos. Com um telemóvel, um PIN e um código por SMS ou notificação, entras nas Finanças, Segurança Social, SNS, ePortugal, Loja do Cidadão virtual e em muitos serviços privados, como bancos, energia ou telecomunicações.

Mais importante: também já consegues assinar documentos digitalmente com valor legal, usando Autenticação.gov ou o portal do Estado, sem precisares de enfiar o Cartão de Cidadão em lado nenhum.
Para quem só usa o digital para entregar o IRS, pedir certidões, tratar de saúde, segurança social e assinar um documento de vez em quando, a verdade é simples: a CMD chega perfeitamente e dispensa o leitor na maioria dos casos.
Então porque é que o leitor ainda não morreu?
Apesar disso, o leitor do Cartão de Cidadão não desapareceu completamente por três motivos principais.
Primeiro, há profissionais que vivem de assinaturas digitais: advogados, contabilistas, gestores, solicitadores. Muitos têm rotinas montadas no computador com o Cartão de Cidadão. Assim o leitor continua a ser a ferramenta “de guerra” para assinar dezenas de documentos por dia.
Depois, continuam a existir sistemas antigos e plataformas mais “quadradas” que foram desenhadas a pensar no Cartão de Cidadão físico e nunca foram verdadeiramente adaptadas à Chave Móvel Digital. Em teoria é tudo equivalente, na prática nem sempre.
Por fim, o leitor pode funcionar como plano B. Se o telemóvel avariar, se mudares de número, se a app gov.pt decidir encravar no pior momento possível, ter um leitor em casa mais o Cartão de Cidadão e o PIN pode ser o que te salva de uma ida presencial à repartição.
Regra rápida para não complicar
Se usas os serviços do Estado só de vez em quando, tens a Chave Móvel Digital ativa e tratas do que precisas sem grandes dramas, não vale a pena investir num leitor só “por precaução”. Vai acabar esquecido numa gaveta.
Se, pelo contrário, assinas documentos com frequência, trabalhas numa área onde continuam a pedir especificamente assinatura com Cartão de Cidadão ou queres mesmo ter uma alternativa caso o telemóvel falhe, então um leitor barato em casa continua a fazer sentido.

Em 2025, o leitor de Cartão de Cidadão deixou de ser obrigatório e passou a ser apenas um extra para casos específicos.
Para a maioria dos utilizadores, a resposta é clara: não, já não compensa comprar um leitor só porque “toda a gente tinha um”. Compensa muito mais garantir que tens a Chave Móvel Digital bem configurada e sabes usá-la. É aí que está o verdadeiro poder digital hoje em dia.
