O pagamento por contactless tornou-se parte do nosso dia a dia. Assim basta aproximar o cartão do terminal e em segundos a compra está feita, sem precisar de PIN para valores baixos. É rápido, prático e até mais higiénico. Mas como acontece com todas as tecnologias que facilitam a vida, também os criminosos encontraram formas de explorar vulnerabilidades. E agora há um novo truque de burla com cartões contactless que está a preocupar especialistas e autoridades em vários países.

Como funciona o pagamento contactless

Antes de percebermos a burla, convém recordar como funciona o sistema. O contactless usa a tecnologia NFC (Near Field Communication), que permite a troca de dados a curta distância geralmente até 4 cm.

Para compras até 50 €, não é necessário inserir PIN.

Acima desse valor, o terminal pede autenticação adicional.

Entretanto o cartão e o terminal trocam informação de forma rápida e encriptada.

Na teoria, o sistema é seguro. Mas na prática, há falhas que podem ser exploradas sobretudo quando há distração do utilizador.

O novo truque dos burlões

O golpe mais recente envolve o uso de terminais de pagamento portáteis modificados. Eis como funciona:

1. Assim o burlão aproxima-se da vítima em locais movimentados, como transportes públicos, centros comerciais ou eventos.
2. Usa um terminal escondido numa mochila ou casaco.
3. Basta encostar discretamente o terminal ao bolso ou à mala onde está o cartão.
4. Se o valor for baixo, a transação é aprovada sem pedir PIN.

Em segundos, o dinheiro sai da conta da vítima sem que ela perceba. Muitas vezes só descobre horas depois, ao verificar o extrato.

Porque este golpe preocupa tanto

O que torna este truque especialmente perigoso é o facto de ser quase invisível.

• Não há contacto físico direto.
• A transação é imediata.
• E como os valores são baixos (normalmente menos de 50 €), a vítima pode nem notar de imediato.

Além disso, muitos bancos só enviam notificações push ou SMS para compras acima de determinado valor, o que dificulta ainda mais a deteção imediata.

Casos já reportados

Em Londres e Paris, já foram reportados vários incidentes semelhantes, sobretudo em estações de metro e aeroportos. Em Lisboa e Porto, ainda são casos raros, mas as autoridades alertam que é uma questão de tempo até se tornar comum.

Há também relatos de burlões que utilizam tecnologia para amplificar o sinal NFC, aumentando o alcance do cartão para além dos habituais 4 cm. Isto significa que já nem precisas de estar tão perto para seres vítima.

Como te podes proteger

A boa notícia é que existem medidas simples para reduzir o risco:

Usa carteiras anti-RFID. São carteiras ou capas especiais que bloqueiam o sinal NFC do cartão. Sem esse sinal, o terminal não consegue comunicar com o chip.

Ativa notificações imediatas no banco. Muitos bancos permitem configurar alertas para todas as transações, independentemente do valor. Assim, se algo acontecer, sabes logo.

Define limites mais baixos. Algumas instituições financeiras permitem reduzir o limite máximo para pagamentos contactless sem PIN. Se não usas muito, baixa-o.

Guarda os cartões em locais menos acessíveis. Evita transportar o cartão no bolso de trás ou em bolsas exteriores. Quanto mais difícil for o acesso físico, mais seguro estás.

Usa pagamentos digitais no telemóvel. Apple Pay e Google Pay têm camadas adicionais de segurança, como biometria, que reduzem bastante o risco de burlas.

O que não deves fazer

Ignorar o extrato bancário: muitos só descobrem burlas semanas depois.

Deixar o contactless sempre ativo em todos os cartões: se não usas, pede ao banco para desativar.

Acreditar que “só acontece aos outros”: este é precisamente o pensamento que os criminosos exploram.

Contactless: conforto vs. risco

Entretanto é importante perceber que a tecnologia contactless, no geral, é segura e conveniente. Milhões de transações acontecem todos os dias sem problemas. Assim o perigo não está no sistema em si, mas na forma como pode ser explorado por quem procura atalhos para roubar.

É a eterna balança entre conforto e segurança. Quanto mais fácil e rápido é pagar, mais oportunidades existem para quem quer aproveitar essa facilidade.

O novo truque dos burlões com cartões contactless é um lembrete de que até as tecnologias mais modernas podem ser usadas contra nós. Felizmente, com pequenos cuidados como usar carteiras anti-RFID, monitorizar transações e limitar valores é possível reduzir drasticamente o risco.