Sexta-feira, Setembro 26, 2025

Cartão multibanco que sai devagar: será que te estão a clonar?

A cena é sempre a mesma: inseres o cartão, fazes a operação e, no fim, o multibanco devolve o cartão… mas muito devagar. Alguns segundos que parecem uma eternidade. É só uma máquina a “pensar”? Ou será que alguém tentou prender o teu cartão para clonar depois? A resposta tem dois lados: por vezes é uma situação perfeitamente normal; outras vezes é um sinal claro de fraude. O problema é que, nos segundos em que esperas quando o cartão multibanco sai devagar, já pode estar a acontecer alguma coisa por isso convém saber distinguir e agir rápido.

Quando o cartão multibanco sai devagar

Antes do pânico, há razões técnicas ou funcionais para um cartão ser devolvido com lentidão:

Leitura do chip: se o terminal tem dificuldade em ler o chip (contacto imperfeito, sujidade), faz verificações extras e pode devolver o cartão mais devagar.

Verificação de segurança: o ATM pode fazer validações adicionais (conferência de rede, antifraude) e segurar o cartão até a verificação terminar.

Problemas mecânicos simples: mecanismos de ejeção gastam-se; às vezes a mola está com pouca força ou há atrito no slot.

Configuração do terminal: alguns terminais colocam pequenos atrasos programados no retorno do cartão por motivos operacionais.

Estas situações são comuns e, na maioria das vezes, inofensivas. Mas há cenários onde “devagar” significa perigo e aí convém saber o que está em jogo.

Quando slow ejection é sinal de burla (e como funciona o esquema)

Existem burla(s) que tiram partido precisamente desse intervalo de segundos, e são bastante simples de executar para quem sabe o que faz:

1. Card trapping (prender o cartão)

O burlão instala um dispositivo ou uma peça dentro da ranhura que retém o cartão parcialmente. Do exterior parece que o cartão não saiu, mas ficou preso. O objetivo: o cliente vai embora (ou pede ajuda) e o burlão retira o cartão mais tarde, clonando-o ou usando-o com o PIN obtido de outra forma.

2. Skimming + câmera

Em conjunto com a retenção do cartão, os burlões colocam uma pequena câmara escondida ou um teclado falso (overlay) para registar o PIN enquanto tentas digitar. Quando o cartão for recuperado, têm tudo: número + PIN.

3. Shimming (ataque ao chip)

Mais sofisticado e raro, um dispositivo fino (shim) é colocado na ranhura para captar os dados do chip. A combinação com camuflagem de teclado torna o golpe eficaz mesmo em chips EMV.

4. Intervenção humana

Em zonas com muita circulação, um cúmplice observa, distrai-te ou “ajuda-te” enquanto outro executa o golpe. O atraso dá tempo para o burlão validar se a intervenção teve sucesso.

O truque da nota caída que distrai vítimas em caixas multibanco

Sinais de alerta que não deves ignorar

Se alguma destas situações acontecer, fica atento a sinais que indicam tentativa de burla:

  • O cartão fica meio fora da ranhura, com a parte frontal visível e difícil de puxar.
  • Há peças estranhas, soltas ou descoladas à volta do slot (tenta ver se a moldura está solta ou com cola); overlays no teclado.
  • Há uma câmara pequena/um objecto acima do ecrã, numa posição pouco natural.
  • Teclas com desgaste desigual, brilho estranho nas que são frequentemente usadas.
  • Pessoas em posição suspeita à volta, “ajudando” sem pedido, ou muito tempo à espera atrás de ti.

O que fazer na hora (passos práticos e rápidos)

Não saias do local. Assim se o cartão ficar preso, não vás embora. Fica por perto e não aceites “ajuda” de desconhecidos.

Tapa o teclado com a mão ao digitar e, se necessário, ao recuperar o cartão; isso previne que câmaras ou olhares vejam o PIN.

Inspeciona visualmente a ranhura e o teclado antes de inserir o cartão: mexe suavemente a moldura; se algo se soltar, desiste e vai para outro ATM.

Se o cartão ficar retido (engolido) liga imediatamente para o número de emergência do teu banco (geralmente no talão/website) e bloqueia o cartão. Não confies em mensagens ou números que pessoas “ajudantes” te disserem.

Pede comprovativo / talão e mantém o recibo. Se perderes dinheiro, o talão ajuda na reclamação.

Se vires um dispositivo estranho, tira foto (se for seguro fazê-lo) e contacta a polícia/local do banco. Não manuseies objetos suspeitos para não destruir prova.

Como agir se te roubarem ou clonarem o cartão

Bloqueia o cartão imediatamente através da app/banco ou telefone de atendimento.

Regista a ocorrência na polícia e guarda o relatório.

Informa o banco para abrir processo de estorno/contestação; quanto mais cedo, maiores as hipóteses de recuperar o dinheiro.

Muda o PIN e monitora movimentos da conta; muda também senhas de serviços ligados.

Pede novo cartão e, se possível, opta por cartões com funcionalidades contactless/biométricas.

máquinas Multibanco, levantar dinheiro
Woman using ATM holding wallet an pressing the PIN security number on the keyboard automatic teller machine

Como prevenir: dicas simples que realmente funcionam

Prefere ATMs dentro de bancos ou em locais bem iluminados e com movimento.

Cobre o teclado sempre que digitaste o PIN.

Evita usar multibancos isolados ou temporariamente instalados (eventos, festas).

Se podes, usa levantamentos pela app ou contactless/ligações sem inserir cartão.

Muda o PIN regularmente e evita sequências óbvias.

Repara em sinais de fraude (peças soltas, toma nota do número do terminal) e denuncia.

Nem sempre um cartão multibanco que sai devagar é sinal de crime. Assim pode ser só um terminal cansado ou um cheque extra de segurança. Mas a lentidão aumenta o risco porque dá tempo ao burlão. Saber identificar os sinais, tapar o teclado, não aceitar ajuda e agir imediatamente (bloquear card, contactar banco, polícia) faz a diferença entre perder dinheiro e escapar ileso.

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Catarina Couto
Catarina Couto
Apaixonada por tecnologia desde que usou o primeiro Nokia com ecrã monocromático, começou a escrever sobre gadgets ainda nos tempos da faculdade. Cresceu entre fóruns, blogs e lançamentos de telemóveis e nunca mais largou o mundo digital. Adora testar novos dispositivos, descobrir truques escondidos nos smartphones e simplificar a tecnologia para quem a usa no dia a dia.

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