Enquanto em Portugal ainda fazemos contas à vida, e aos quilómetros que as baterias oferecem, isto de forma a perceber se vale ou não a pena desistir por completo do motor a combustão para abraçar um motor 100% elétrico, na China as coisas são bem diferentes.
Até podemos dizer que, na China, os elétricos são vendidos ao quilo. Há tanta escolha, e a guerra de preços está a ser tão agressiva, que até gigantes como a BYD andam a baixar margens de lucro à bruta, de forma a conseguir baixar os preços do produto final, e assim meter pressão em cima das muitas rivais que existem no mercado.
Carros Elétricos na China: Lucros a cair e governo a perder a paciência.
Como dissemos em cima, a guerra de preços é tão violenta que até as gigantes como a BYD andam a sangrar margens para garantir que não ficam para trás. Isto porque, todas as fabricantes, até aquelas que ainda não lucro, estão a oferecer descontos incríveis, e de facto nunca antes vistos na Europa.
Para quê tudo isto? Simples. É uma forma muito eficiente de acabar com várias marcas no mercado que não conseguem aguentar margens pequenas ou negativas, de forma a deixar as coisas para quem realmente tem arcaboiço financeiro. No fundo, é apenas uma fase temporária, para limpar o mercado.
Preço de feira?
A BYD, por exemplo, mandou os preços abaixo em quase 34% nos últimos dias de maio. Resultado? Um pico de vendas brutal! Cerca de 382 mil carros num mês. De facto, mais elétricos do que híbridos, pela primeira vez este ano.
O problema? Como dissemos, isto não é sustentável nem para a maior das empresas. Segundo a Bloomberg, o Dolphin Surf (o Seagull na China) pode ficar mais barato em mais de 8 mil euros só com os incentivos. Parece bom para o consumidor. Mas não é. Ou pelo menos não é a longo prazo.
Isto porque ninguém sobrevive a vender abaixo do custo durante muito tempo. Nem a BYD.
Até a BYD está a passar mal na bolsa.
A coisa está a ficar tão grave que até os investidores estão a tremer. A BYD perdeu 17% em valor bolsista nas últimas semanas. O motivo? Medo de que o Governo meta mão nisto.
No dia 1 de junho, o jornal oficial do Partido Comunista Chinês veio a público criticar esta “concorrência desenfreada”. Além disso, o Ministério da Indústria já avisou que vai apertar a regulação. “Não há vencedores numa guerra de preços”, escreveram no WeChat.
Concorrência desleal? Dumping?
O Governo chinês está a preparar medidas duras. Exigem concorrência leal e deixam claro: vender abaixo do custo (vulgo dumping) é proibido.
Vendas disparam… por enquanto. Os clientes estão a aproveitar.
Apesar do caos, as vendas continuam a crescer. Em maio, a Leapmotor entregou 45 mil carros (mais 148%), a Geely subiu 46% com 235 mil unidades, e a XPeng triplicou as vendas graças ao Mona M03. Mas até quando?
Em suma, o mercado chinês está num ponto de rutura. Crescimento, sim. Mas à custa de margens destruídas, concorrência desleal, etc… É o caos.