Em 2025, os carros elétricos deviam estar a dominar as estradas. Era esse o plano, era essa a narrativa. Este devia ser o ano! Mas a realidade? Está longe de corresponder às expetativas.
As vendas estão a crescer, sim, mas a um ritmo muito abaixo do esperado. Por isso, há países a recuar em metas, fabricantes a travar lançamentos e consumidores a resistir ao “salto”. No meio de tudo isto, surge uma pergunta inevitável: Não será tempo de repensar a estratégia?
Talvez o futuro elétrico precise de mudar um pouco os planos. Como tal, talvez a resposta, pelo menos para já, passe por soluções intermédias mais realistas. Como os híbrido, que estão a ficar cada vez melhores, ou até os tão falados combustíveis sintéticos.
O elétrico continua a ser um luxo?
Por muito que se tente empurrar os elétricos como o “normal” da mobilidade, a verdade é que continuam a ser caros. Mesmo os mais acessíveis, como o Dacia Spring ou os recentes modelos “baratos” da BYD ou Dongfeng, estão longe de satisfazer o consumidor médio europeu.
A autonomia ainda causa ansiedade, os carregamentos continuam lentos, e há sempre o medo da bateria perder capacidade e o carro desvalorizar a pique. (Coisa que de facto acontece, ora vá olhar para os muitos Teslas à venda).
Além disso, há a questão prática! Quem vive em prédios sem garagem ou quem depende do carro para trabalhar fora das grandes cidades ainda vê o elétrico como um risco. Posso até falar do meu caso, tenho um PHEV, quero mudar de casa, e tudo indica que vou deixar de conseguir carregar o meu carro.
Os híbridos nunca foram embora (e fazem mais sentido agora do que nunca!)
No meio desta incerteza, os híbridos voltam a ganhar força. São mais baratos do que os elétricos puros, não exigem mudar hábitos nem depender de carregadores públicos, e conseguem consumos baixos sem complicações.
Sim, continuam a usar combustível fóssil. Mas também são uma forma de cortar emissões hoje, sem exigir infraestruturas que ainda não existem.
Tem a sua piada, mas o Toyota Prius, ridicularizado durante anos, agora parece mais inteligente do que nunca.
Óbvio que os híbridos não são a solução perfeita. Podem ser mais complexos de manter, porque têm dois sistemas num só carro, e continuam a emitir CO₂. Mas neste momento, podem muito bem ser o que faz mais sentido para a maioria das pessoas.
Se a ideia é baixar emissões, talvez faça sentido alargar os incentivos a este tipo de automóvel.
E os combustíveis sintéticos? Solução ou ilusão?
A outra alternativa que começa a ganhar palco são os combustíveis sintéticos, também conhecidos como e-fuels. Em teoria, são combustíveis neutros em carbono, criados a partir de CO₂ capturado e hidrogénio verde.
Parecem muito interessantes! Mas… Na prática? Ainda estão muito longe de ser viáveis.
Produzir e-fuels consome quantidades absurdas de energia. É um processo ineficiente, caro e lento. Para já, só dá para alimentar uma frota muito pequena, e mesmo que a tecnologia avance, a pergunta que se põe à nossa frente é esta. Por que gastar energia renovável a fabricar gasolina sintética quando podemos usá-la diretamente em carros elétricos?
Mas, os custos podem vir a mudar com a adoção. Aqui vale a pena referenciar que a F1 vai começar a usar este tipo de combustível já a partir do próximo ano. O desenvolvimento, adaptação, etc… Pode ajudar a mudar o paradigma.
Conclusão
A transição energética não pode ser feita à força.
Os governos e as marcas quiseram empurrar o carro elétrico como se fosse uma mudança fácil e universal, mas a realidade no terreno é outra. Ainda faltam condições, ainda falta maturidade na tecnologia, e ainda há muitas pessoas que simplesmente não estão prontas.
O futuro é elétrico, sim, mas o presente pode ter de ser híbrido.
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