A tática do Callback scam é simples e joga com a curiosidade. Assim o teu telefone toca uma ou duas vezes e pára, não dá tempo para atenderes. Entretanto ficas com uma chamada perdida de um número que não reconheces e, se devolveres a chamada por impulso, cais na armadilha: o destino pode ser um número premium ou internacional caro que cobra por minuto, e a faturação é feita do teu lado. Em muitos casos, os burlões reforçam a pressão com um voicemail curto (“urgente, ligue já de volta”) ou um SMS quase neutro (“tentámos entregar a sua encomenda; contacte este número”), para te empurrar ao retorno imediato sem pensar.
Callback scam: três sinais que denunciam o golpe
O primeiro indício é o prefixo invulgar. Assim códigos internacionais pouco comuns, sequências demasiado longas ou combinações que não reconheces devem fazer soar o alarme. O segundo é o padrão de toques curtos repetidos: recebes vários “pings” em poucos minutos, às vezes a partir de números parecidos apenas com o último ou penúltimo dígito diferente. Assim trata-se de uma forma de insistência automática para apanhar quem está distraído. O terceiro sinal está na mensagem vaga: voicemails ou SMS que não se identificam claramente, sem nome da empresa, sem número de cliente ou referência verificável, mas com apelos à urgência (“última tentativa”, “a sua conta será bloqueada”, “contacte já”).

Se não reconheces o prefixo, a chamada foi demasiado curta e há urgência sem identidade clara, não devolvas.
O que fazer em meio minuto
A defesa começa por não devolver de impulso.
Primeiro, pesquisa rapidamente o prefixo ou o número no próprio telefone (muitos dialers já mostram o país) e numa busca simples na web. Isto porque muitas vezes há relatos de outras vítimas. Em seguida, bloqueia o contacto no smartphone e ativa o filtro de chamadas (Android e iOS têm opções nativas e algumas marcas, como Samsung, incluem identificadores de spam). Se, por engano, devolveste a chamada, entra na tua área de cliente do operador e consulta o detalhe de comunicações: confirma a duração, o destino e o custo, e coloca um alerta para movimentos fora do padrão. Se houver cobrança anormal, abre de imediato um pedido ao operador com data/hora e solicita análise; muitas operadoras permitem bloquear chamadas para números premium e barrar internacionais a teu pedido.
Como te blindar para o futuro
A forma mais eficaz de reduzir riscos é organizar as tuas prioridades de contacto. Cria uma lista VIP com família, escola dos miúdos, médico, trabalho e banco; estas chamadas passam sempre. Fora desse conjunto, ativa em iOS o “Silenciar desconhecidos” (configuração de Telefone) e, em Android, o filtro de chamadas do Google/da marca, que encaminha suspeitos para o registo sem tocar alto.
Vale ainda configurar “Não incomodar” com exceções: em horários de descanso, só tocam VIP e números repetidos em pouco tempo (útil para emergências reais). Para o resto, dá preferência à mensagem escrita de validação: quando receberes um SMS a pedir retorno sem identificação, responde com algo do género: “Confirme por favor o nome completo da entidade, NIF e motivo. Se for entrega, envie o código de rastreio oficial.” Quem é legítimo consegue provar em segundos.
Quando uma chamada “estranha” pode ser legítima
Há exceções.
Algumas clínicas e escolas usam centrais com números que não aparecem identificados como instituição.
Transportadoras subcontratadas podem ligar de telemóveis locais. E algumas marcas usam plataformas de call center com números dinâmicos.
O critério mantém-se: identidade clara + prova verificável. Uma clínica consegue indicar o teu nome e a especialidade/consulta; uma transportadora fornece código de rastreio que confirmares no site oficial; a escola identifica o aluno e o assunto.
Quando duvidares, pede um contacto alternativo oficial ou liga tu para o número publicado no site da entidade (não uses o que veio por SMS).
Passo a passo no Android e no iPhone (rápido e sem complicações)
No Android, abre a app Telefone → Definições → Identificação de chamadas e spam (ativa) e Filtrar chamadas de spam. Em muitos equipamentos, podes definir que chamadas potencialmente fraudulentas não tocam. Procura também “Números bloqueados” para adicionar o histórico suspeito e ativa, se disponível, o serviço da marca (ex.: Smart Call em Samsung).
No iPhone, vai a Definições → Telefone → Silenciar desconhecidos. As chamadas de quem não está nos teus contactos, e sem reconhecimento pela Siri, vão para o registo e voicemail. Em Definições → Telefone → Bloqueio e identificação, podes ativar apps de filtragem de terceiros se preferires, mas começa pelas nativas.
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