Burlões dão o NIB e mesmo assim não são apanhados! Porquê?

Quando se fala em burlas bancárias, há sempre uma dúvida que deixa as vítimas incrédulas: “Se o burlão me deu o NIB ou IBAN para transferir dinheiro, porque é que não é apanhado logo?”. À primeira vista parece fácil: o número da conta está identificado, o banco sabe quem é o titular, logo seria simples detetar o criminoso. Mas na prática, não é assim. E é precisamente por essa brecha que muitos esquemas continuam a funcionar.

Como funciona a burla com NIB/IBAN

O burlão publica um anúncio falso. Assim pode ser uma casa para alugar, um carro barato ou um produto “imperdível”.

A vítima mostra interesse e o burlão pede o pagamento adiantado através de transferência bancária.

Para dar “credibilidade”, fornece um NIB ou IBAN português ou europeu.

Quando a vítima faz a transferência, o dinheiro desaparece e o burlão corta contacto.

Então porque não é logo identificado?

Existem várias razões que dificultam a investigação:

Contas em nome de terceiros (testas-de-ferro): os burlões muitas vezes usam identidades falsas ou pagam a pessoas para abrir contas por eles. O nome no IBAN não corresponde ao verdadeiro autor da burla.

Contas estrangeiras: o IBAN pode ser europeu (começa por ES, FR, DE, etc.) e nem sempre as autoridades portuguesas têm acesso rápido aos dados do titular.

“Mulas financeiras”: pessoas aliciadas a emprestar a conta bancária em troca de comissão. Elas recebem o dinheiro e passam-no ao burlão, dificultando a ligação direta.

Volume de casos: há tantas ocorrências que nem sempre é possível investigar cada burla pequena (50€, 100€, 200€). Isso faz com que muitos criminosos continuem impunes.

O que a lei permite (e limita)

Os bancos são obrigados a identificar os titulares das contas, mas:

A informação só se partilha mediante ordem judicial.

O processo pode demorar meses.

Se a conta já estiver encerrada ou o dinheiro transferido para fora do país, a recuperação é quase impossível.

Cartões virtuais são seguros? Só se fizeres isto antes da compra!

Exemplos de estratégias usadas pelos burlões

Arrendamentos falsos: pedem cauções ou rendas antecipadas para casas que não existem.

Produtos inexistentes em OLX ou redes sociais: o comprador paga mas nunca recebe.

Falsos serviços de emigração ou empregos no estrangeiro: usam IBAN para recolher taxas e “custos de processo”.

Como te protegeres

Nunca transfiras dinheiro para desconhecidos sem garantias sólidas.

Verifica sempre o IBAN: há ferramentas online que mostram se é nacional ou estrangeiro.

Desconfia de urgências: burlões pressionam para pagar rápido.

Prefere MB Way ou plataformas seguras de pagamento (que pelo menos deixam rasto mais imediato).

Procura sinais de fraude: preços demasiado baixos, fotos repetidas, anúncios sem contrato.

Dar um NIB ou IBAN não significa que o burlão será apanhado facilmente. Pelo contrário: os criminosos sabem usar falhas no sistema, identidades falsas e até contas de terceiros para escapar. A melhor defesa continua a ser a prevenção: nunca transferir dinheiro sem verificar, confirmar e desconfiar sempre de ofertas que parecem boas demais para ser verdade.

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A ferver

Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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