Segunda-feira, Setembro 15, 2025

Borracha azul que todos tivemos afinal não servia para apagar caneta

Se estudaste nos anos 90 ou 2000, provavelmente tiveste no estojo aquela borracha meio estranha: metade vermelha (ou branca), metade azul. E todos nós ouvíamos o mesmo rumor: “a parte azul apaga caneta”. Mas será que era verdade? Spoiler: não. A história é bem mais curiosa e até enganou uma geração inteira de estudantes.

O mito da borracha azul

Na escola, quase toda a gente acreditava que aquela parte mais rígida, azulada e quase áspera, tinha sido inventada para apagar tinta de esferográfica. Afinal, fazia sentido: se a parte branca apagava lápis, a azul teria de ser para caneta.

E claro, quem nunca tentou? Muitos de nós esfregámos folhas de caderno até as furar, sempre à espera de ver a tinta desaparecer. Mas o resultado era invariavelmente o mesmo: papel rasgado e desilusão.

A verdadeira função

A parte azul nunca foi feita para apagar tinta. Na verdade, a sua função era bem mais técnica: apagar lápis em papéis de maior gramagem (ou seja, mais grossos).

Enquanto a parte vermelha/branca servia para papel comum (cadernos, folhas de teste, etc.),

A parte azul era mais dura e abrasiva, ideal para superfícies como cartolina, papel de desenho ou até papel vegetal.

O problema? Os fabricantes nunca explicaram isto de forma clara, e o mito da “borracha para caneta” espalhou-se como verdade absoluta.

Mas porque é que ela até parecia apagar caneta às vezes?

Aqui está a parte interessante: em alguns casos, quando a borracha azul era usada em canetas de tinta mais fraca (ou em papéis mais grossos), ela não apagava a tinta, arrancava fibras do papel.

Ou seja, o que desaparecia não era a tinta, mas o pedaço de papel onde a tinta estava. Daí a sensação de que “funcionava” de vez em quando.

Um ícone escolar de várias gerações

Mesmo sem cumprir a “função secreta” que todos acreditavam, a borracha azul ganhou estatuto de ícone:

Esteve presente em estojo atrás de estojo, desde os anos 80 até hoje.

Tornou-se até uma espécie de piada entre estudantes: “a borracha que apaga caneta… mas só no planeta dos sonhos”.

E ainda hoje é vendida em papelarias, mesmo que a maioria já saiba a verdade.

Outras curiosidades sobre borrachas

As primeiras borrachas eram feitas de pão amanhecido. Ou seja, pão duro e seco. Sim, antes da borracha moderna, os estudantes usavam miolo de pão para apagar grafite.

O material atual, chamado “borracha”, vem na verdade de um polímero que ganhou esse nome porque “apagava” grafite (do inglês rub out).

Existem borrachas especiais que conseguem apagar algumas tintas mas são químicas, não mecânicas como a azul.

Afinal, aquela borracha azul que marcou a infância de tantos de nós não surgiu para apagar caneta. Era apenas um acessório para papéis mais resistentes mas o mito urbano foi mais forte do que a realidade.

E talvez seja por isso que ainda hoje, sempre que vemos uma, sentimos um misto de nostalgia e frustração. Porque no fundo, queríamos que fosse verdade.

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Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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