Bigster: Este Dacia já não se sente como um Dacia. É bom?

Depois do Duster, que também é um automóvel incrível, o Dacia Bigster é a maior prova de que a marca romena já não quer ser vista como apenas “barata”. Eu já tinha tido esta sensação quando fui ao ensaio Internacional. Mas agora que tive a oportunidade de andar com ele durante alguns dias, vivendo aquele que é o meu dia-a-dia normal, apenas confirmei essa ideia.

Aliás, até quem o vê na rua, já não olha com os mesmos olhos do passado. O paradigma mudou para a Dacia.

Ou seja, quem olhar para este SUV robusto e espaçoso, com linhas marcantes e um interior cheio de equipamento, vai perceber que a Dacia está mesmo a tentar jogar noutra liga. A questão é: será que ainda podemos chamá-lo de Dacia? Ou será que estamos a falar de um Renault com outro nome?

Calma! É que a Renault também mudou. Algo que vou também salientar quando falar do Rafale que andei a testar até ontem.

Bigster: Este Dacia já não se sente como um Dacia. Isto é bom ou mau?

O tamanho deste automóvel é mesmo qualquer coisa. Porém, é fácil perceber o que estamos a fazer, com boa visibilidade, e claro, alguma ajuda da tecnologia que lhe dá vida.

O Bigster é o mais recente modelo da Dacia, e como pode ver pelas imagens, é um automóvel que cresceu, ficou mais adulto, está mais bem equipado e até está mais bonito apesar de ser muito baseado naquilo que a Dacia trouxe para cima da mesa com o seu também muito recente Duster.

Mas uma coisa é certa, esta carro já não tem aquele ar deslavado e plastificado de antigamente. Parece mesmo um carro “a sério”! E é por isso que este SUV vai virar muitas cabeças. Não tanto pelo preço, mas muito mais pelo aspeto. Especialmente porque, apesar de ser muito mais barato que outros carros dentro do mesmo segmento, este é o Dacia mais caro que o grupo tem para oferecer.

De low-cost a premium disfarçado?

dacia bigster: suv barato que promete ser premium!

A base continua a ser a plataforma CMF-B, a mesma do Duster e de vários Renault. Mas aqui, a coisa muda de escala! São 4,57 metros de comprimento, quase 1,5 toneladas de peso e uma presença na estrada digna de segmentos acima. Ainda assim, a Dacia conseguiu manter o preço de entrada nos 25 mil euros.

O objetivo passa por oferecer o aspeto e a sensação de um SUV premium, mas com um preço de marca económica. Podiamos até dizer que isso vai contra a filosofia da própria Dacia. Mas isso interessa? Como tudo na vida, a Dacia também tem direito a evoluir e a mudar. Eu estou a gostar de ver.

Aliás, se em tempos diria que “Dacia não. Agora digo… Porque não?”

Ao volante: confortável, eficiente, mas claro, longe de emocionante

Temos de ter em conta que estamos a falar de um carro grande, pesado, e que não tem assim tanta potência quanto isso. Emoção é coisa que não vai encontrar. Está longe de ser desportivo, e a caixa automática pode ser algo indecisa, mas o foco aqui é outro… Conforto e eficiência. Assim, o modelo híbrido de 155 cv (o mesmo sistema usado no Renault Austral) tem resposta suave, direção leve e uma suspensão bem afinada, mesmo com jantes de grandes dimensões.

Nos testes foi fácil conseguir média de 5 l/100 km. Mas aqui é preciso salientar que tenho um pé pesado. Já vi colegas a conseguir algo mais perto dos 4.5 litros. Algo que, para um SUV com este porte, é excelente.

Aqui vale também a pena dizer que o isolamento também melhorou bastante face ao Duster. Ou seja, já não se ouve tanto o vento ou o motor a trabalhar em esforço.

Interior: espaço à grande e tecnologia q.b.

Por dentro, há muito do que já conhecemos do Duster, mas com uns pozinhos de requinte extra. O painel é igual, com plásticos duros mas bem montados, e a nova consola central elevada nas versões Journey e Extreme dá um ar mais adulto à coisa. O painel de instrumentos digital de 10” e o ecrã central com Android Auto e Apple CarPlay fazem o seu papel sem grandes modernices desnecessárias.

O espaço, esse sim, é o grande trunfo! A traseira acomoda bem adultos altos, a bagageira varia entre os 566 e os 667 litros, e o banco traseiro 40/20/40 é uma novidade bem-vinda que melhora a versatilidade.

Então, é um Dacia ou um Renault?

A resposta é… os dois.

A Dacia subiu de nível, mas a Renault também quis dar um bom salto. Por isso, podemos dizer que este Bigster vai buscar o melhor de dois mundos. Temos muita utilidade, sem luxos inúteis. Mas também é inegável que está a pisar terreno que costumava ser exclusivo da Renault. Ou seja, não é difícil imaginar este mesmo carro com um logótipo diferente e um preço 5 mil euros acima.

dacia bigster: suv barato que promete ser premium!

Talvez seja esse o plano. Tornar a Dacia na nova Renault dos tempos modernos: mais acessível, mais pragmática, mas sem o ar de carro alugado de aeroporto.

Veredicto final

O Dacia Bigster não é só um bom SUV para quem quer espaço e conforto. É um aviso claro de que a marca está a mudar. A continuar neste caminho, vai deixar de ser vista como a “marca dos pobres” para se tornar numa escolha inteligente.

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Nuno Miguel Oliveira
Nuno Miguel Oliveirahttps://www.facebook.com/theGeekDomz/
Desde muito novo que me interessei por computadores e tecnologia no geral, fui sempre aquele membro da família que servia como técnico ou reparador de tudo e alguma coisa (de borla). Agora tenho acesso a tudo o que é novo e incrível neste mundo 'tech'. Valeu a pena!

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