Análise ao sangue deteta o cancro mais comum nos jovens

Uma equipa de investigação confirmou a eficácia de um grupo específico de microRNAs (miRNAs) como biomarcadores fiáveis na deteção de tumores malignos das células germinativas testiculares. É o tipo mais comum de tumor sólido em homens jovens e uma análise ao sangue já o consegue detetar.

Análise ao sangue deteta o cancro mais comum nos jovens

Cientistas da Universidade de Cornell validaram um marcador biológico anteriormente identificado, capaz de detetar este tipo de cancro testicular com maior precocidade. Trata-se de uma descoberta que poderá ter impacto na melhoria do prognóstico dos doentes, permitindo diagnósticos ainda mais cedo, eventualmente até antes do nascimento.

O estudo, publicado na revista Scientific Reports, recorreu a um modelo animal (camundongos) para demonstrar que certos miRNAs, responsáveis por regular a expressão génica ao inibir a produção de proteínas, são altamente específicos deste tipo de cancro. Estes miRNAs encontrados em ratinhos têm equivalentes humanos, reforçando a sua utilidade como ferramenta de diagnóstico.

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“Na área da oncologia, há um esforço crescente para métodos de diagnóstico menos invasivos, como as chamadas biópsias líquidas”, afirmou o professor Robert Weiss, especialista em genética molecular da Faculdade de Medicina Veterinária. “Com uma simples amostra de sangue, podemos acompanhar a presença da doença, detetar precocemente ou monitorizar uma eventual recaída — é um avanço importante nesta tecnologia.”

Os tumores malignos das células germinativas testiculares são os cancros mais frequentemente diagnosticados em homens entre os 15 e os 39 anos tendo a sua incidência aumentado quase 40% nas últimas cinco décadas. No entanto, estes tumores respondem bastante bem à quimioterapia tradicional, com uma taxa de sobrevivência aos cinco anos na ordem dos 95%.

Origem e características do tumor

A evidência atual sugere que este tipo de cancro tem origem ainda durante o desenvolvimento embrionário, podendo tornar-se invasivo sobretudo após a puberdade.

Estes tumores contêm células estaminais cancerígenas com capacidade de se diferenciar em vários tipos de células malignas. No estudo, os investigadores utilizaram um modelo de ratinhos previamente desenvolvido pela mesma equipa, que lhes permitiu induzir e controlar o desenvolvimento dos tumores testiculares.

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Com esse sistema, foi possível cultivar as células tumorais em laboratório e forçar a sua diferenciação, o que resultou na perda das características estaminais. Isso possibilitou comparações entre células originais (pluripotentes) e células mais especializadas.

A investigação foi motivada por estudos clínicos em humanos que indicavam a presença de certos miRNAs no soro sanguíneo como potenciais marcadores da doença. Através do modelo animal, os cientistas identificaram um grupo de miRNAs (miRNA 290-295) presente exclusivamente nas células tumorais não diferenciadas. Estes correspondem ao grupo miRNA 371-373 nos seres humanos.

Mecanismo dos miRNAs e perspetivas futuras

Entretanto o modelo experimental demonstrou que estes miRNAs estão associados apenas aos tumores malignos testiculares. Assim não foram detetados em casos de tumores benignos ou noutras formas de cancro, como os mamários. Esta especificidade torna-os candidatos ideais como marcadores de diagnóstico.

Os investigadores também descobriram quais os genes regulados negativamente por estes miRNAs. “Esses genes estão envolvidos em processos ligados ao cancro, como o controlo do ciclo celular e a apoptose [morte celular]”, explicou Weiss.

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Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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