Provavelmente vives a tua vida com a certeza absoluta de que um dia tem exatamente 24 horas, ou seja, 86.400 segundos. É essa a métrica que rege os nossos horários, os nossos despertadores e o ritmo da sociedade moderna. No entanto, se formos rigorosos com a física planetária, isso não é totalmente verdade. A realidade é que o tempo que a Terra demora a completar uma rotação sobre o seu próprio eixo varia constantemente. O nosso planeta não é um relógio suíço perfeito; é um corpo celeste dinâmico sujeito a forças externas que alteram a sua velocidade. Daí o nascimento do dia de 25 horas.
Faz sentido um dia de 25 horas?
Para nós, meros humanos, estas mudanças são totalmente impercetíveis. Não sentes o dia a ficar mais longo nem precisas de acertar o teu relógio de pulso. A única forma de medirmos estas variações minúsculas na velocidade de rotação da Terra é através de relógios atómicos, uma tecnologia de precisão introduzida na década de 1950. Estes instrumentos permitem aos cientistas calcular o número de milisegundos que a rotação da Terra se desvia dos tais 86.400 segundos padrão. A esta medida dá-se o nome técnico de “Duração do Dia” (ou LOD – Length of Day).

Mas o que é que está a travar a Terra?
Embora existam vários fatores geológicos e atmosféricos que influenciam a rotação (como terramotos ou o movimento do núcleo terrestre), o grande “travão” do nosso planeta é, sem dúvida, a Lua.
Podes pensar nisto como uma questão de fricção. As mesmas forças gravitacionais da Lua que puxam os oceanos e criam as marés também estão a roubar energia à rotação da Terra. À medida que o planeta gira, as “barrigas” de água formadas pelas marés tentam alinhar-se com a Lua, mas a rotação da Terra é mais rápida do que o movimento da Lua. Isto faz com que a água dos oceanos e o fundo do mar criem atrito.
Imagina que estás a girar um pião, mas tocas-lhe levemente com o dedo. Esse atrito vai, inevitavelmente, fazer o pião abrandar. Com a Terra acontece o mesmo: a fricção das marés atua como um travão constante, dissipando a energia rotacional do planeta. Como resultado, a Lua afasta-se ligeiramente de nós (cerca de 3,8 centímetros por ano) e os nossos dias ficam, pouco a pouco, mais longos.

Rumo ao dia de 25 horas
Cientistas da Universidade de Toronto apontam que, se o sistema Terra-Lua continuar a evoluir desta forma, os dias vão acabar por ter 25 horas. Mas não precisas de começar a planear o que fazer com essa hora extra. Este processo é incrivelmente lento.
Para teres uma ideia da escala temporal, estima-se que esta mudança para as 25 horas só aconteça daqui a cerca de 200 milhões de anos.
Para contextualizar, basta olhar para o passado. Quando os dinossauros dominavam a Terra, um dia durava apenas cerca de 23 horas. E se recuarmos ainda mais, há mil milhões de anos, um dia teria apenas cerca de 19 horas. Portanto, embora o dia de 25 horas seja uma certeza física (salvo algum evento cataclísmico que altere a mecânica orbital), é um futuro tão distante que, para já, podes continuar a confiar nas tuas 24 horas habituais.

