Já as viste em todo o lado: nos aeroportos, nas zonas históricas e até à porta do supermercado da tua rua. São amarelas, azuis, dizem “ATM” em letras gigantes e parecem inofensivas. Mas atenção: estas caixas NÃO SÃO o Multibanco que conheces. Se costumas levantar dinheiro na primeira máquina que te aparece à frente, é muito provável que já tenhas caído na “armadilha” das caixas amarelas. E se usas cartões como Revolut ou contas estrangeiras, o erro pode estar a sair-te bem caro. Vamos explicar de uma vez por todas o que é o misterioso “Multibanco Amarelo” e porque deves, na maioria das vezes, fugir dele.
O que é, afinal, o Multibanco Amarelo?
Primeiro, vamos tirar a máscara ao monstro. Estas máquinas não pertencem à rede Multibanco (SIBS), a rede portuguesa a que estamos habituados e que é gerida pelos bancos nacionais.

Estas caixas pertencem, na sua maioria, à Euronet (ou outras redes privadas internacionais).
Multibanco (SIBS): É um serviço interbancário focado no serviço público (pagamentos, transferências, Estado).
ATM Amarelo (Euronet): É um negócio privado focado no lucro através de comissões e câmbios de moeda.
O Perigo: Onde é que perdes dinheiro?
Se usares um cartão de débito 100% português (da CGD, BPI, Millennium, etc.), a lei protege-te na maioria dos levantamentos em euros. Mas a história muda de figura rapidamente noutros cenários.

1. A “Taxa de Preguiça” para Cartões Internacionais
Se tens amigos estrangeiros ou usas um cartão de um banco digital não sediado em Portugal para certas operações, a Euronet é implacável. As taxas de levantamento podem ser astronómicas comparadas com um Multibanco normal (que muitas vezes é gratuito ou muito mais barato para cartões estrangeiros).
2. O Pesadelo do Câmbio (DCC)
É aqui que a “bomba” rebenta. Se a máquina detetar que o teu cartão não é português (ou se for um cartão pré-pago de viagens), ela vai, muitas vezes, sugerir fazer o câmbio da moeda ali mesmo (o chamado Dynamic Currency Conversion). A armadilha: A taxa de câmbio oferecida por estas máquinas é, regra geral, péssima. Elas apresentam o valor em “moeda local” como uma conveniência, mas na verdade estão a cobrar-te uma margem de lucro gigante. Regra de ouro: Se a máquina perguntar, recusa sempre a conversão e deixa o teu banco fazer as contas!

3. Inutilidade para o Dia a Dia
Tenta pagar a fatura da luz, carregar o passe ou pagar o IMI numa caixa amarela. Não consegues. Enquanto um Multibanco (MB) tem mais de 60 funcionalidades, estas caixas são meros “dispensadores de notas”. Se precisas de fazer algo mais do que tirar dinheiro, estás na máquina errada.
ATM Amarelo vs. Multibanco (MB): Como distinguir?
Para não seres apanhado desprevenido, aprende a olhar para os sinais:
A Cor: O Multibanco oficial costuma ser discreto ou ter as cores do banco onde está instalado. A Euronet grita “ATM” em amarelo e azul berrante.
O Logótipo: Procura sempre o símbolo “MB” (Multibanco). Se só vires os símbolos da Visa, Mastercard e “ATM”, desconfia.
A Localização: As caixas amarelas estão estrategicamente colocadas onde há turistas com pressa (baixa da cidade, lojas de souvenirs, terminais de chegadas).
Entretanto a menos que estejas numa emergência absoluta e não haja mais nenhuma máquina num raio de 5 quilómetros, dá preferência à rede SIBS (Multibanco).
O “Multibanco Amarelo” funciona? Sim, cospe notas. Mas é uma versão “pobre” e potencialmente cara do sistema de luxo a que os portugueses estão habituados. Assim não deixes que a conveniência te saia cara. Procura o “MB” e protege a tua carteira.

