O novo Programa E-Lar, apresentado como um apoio à transição energética das famílias portuguesas, está a gerar polémica antes mesmo de arrancar. A DECO PROteste deixou o aviso: este incentivo pode trazer mais dores de cabeça do que benefícios. E em vez de ajudar, pode até fazer disparar a fatura da luz em centenas de euros por ano.
Promessa verde, mas cheia de falhas
O objetivo do programa parece nobre: substituir equipamentos a gás por soluções elétricas mais modernas. Mas, segundo a DECO, o regulamento foi mal desenhado e deixa de fora tecnologias realmente eficientes, como as bombas de calor, capazes de poupar até 350€ por ano em comparação com os esquentadores a gás.
Em vez disso, o único equipamento financiado para aquecimento de águas é o termoacumulador elétrico. O problema? Os modelos elegíveis têm capacidade máxima de 30 litros. Ou seja, insuficiente até para uma pessoa, quanto mais para uma família. Além disso, quem fizer a troca pode acabar a pagar mais 360€ por ano na conta da luz.
Custos escondidos e riscos reais: um programa que pode disparar a tua fatura da luz
A DECO expõe ainda um conjunto de “detalhes” que ficaram convenientemente de fora do aviso oficial, mas que vão pesar no bolso dos consumidores:
Aumento da potência contratada: mais equipamentos elétricos obrigam muitas vezes a subir a potência, o que significa pagar uma mensalidade fixa mais alta à operadora de energia.
Obras na instalação elétrica: casas antigas não estão preparadas para suportar tanta carga. Resultado? Obras dispendiosas, que não estão incluídas no apoio.
Segurança em risco: substituir aparelhos a gás sem selar corretamente as saídas pode ser perigoso. Mas o regulamento não define quem paga nem quem se responsabiliza por este processo.
Liberdade de escolha limitada: os vouchers parecem obrigar a compra no mesmo fornecedor, restringindo a concorrência e podendo excluir famílias em zonas sem rede de parceiros abrangente.
Vulnerabilidade energética pode piorar
A organização sublinha que apostar apenas em “medidas ativas” ou seja, comprar novos equipamentos não resolve o problema de fundo. Sem melhorias estruturais, como o isolamento térmico, as casas vão continuar a gastar energia em excesso, e muitas famílias podem cair numa armadilha: investir em novos aparelhos… para no fim ver a conta aumentar ainda mais.
O que diz a DECO
“Sem melhorias estruturais, existe o risco de as famílias verem as suas faturas aumentar, mesmo recorrendo a equipamentos eficientes. Por outro lado, a substituição de aparelhos a gás por equipamentos elétricos deve ser acompanhada de requisitos claros de segurança, ausentes do atual Aviso do Programa E-Lar”, alerta Mariana Ludovino, porta-voz da DECO PROteste.
Cuidado com a “falsa poupança”
A ideia de modernizar os lares portugueses é positiva, mas nos moldes atuais, o Programa E-Lar pode transformar-se num presente envenenado. Em vez de poupar, muitas famílias vão acabar a pagar mais caro pela energia e a lidar com falhas de segurança e liberdade de escolha.
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