Em Portugal, os preços dos pacotes de TV e dos canais premium, como os desportivos, estão cada vez mais altos. Começa a ser um absurdo, porque para muitos, ver futebol ao vivo pesa mais na carteira do que a conta da luz, do gás ou da água. Resultado? A procura por alternativas cresce e o IPTV ilegal tornou-se um fenómeno.
Quem usa, adora. Quem vende conteúdos, odeia.
A fronteira entre legal e ilegal
Antes de mais nada, convém esclarecer! IPTV não é, por si só, ilegal.
As próprias operadoras nacionais usam esta tecnologia para transmitir os seus canais em apps e boxes oficiais. O problema está no redistribuição dos conteúdos pagos, como Sport TV ou Eleven, que depois são vendidos a preços irrisórios em plataformas piratas.
É uma mina de ouro, porque montar o sistema é simples, e o que não falta são interessados. Isto porque, na prática, qualquer pessoa com conhecimentos técnicos pode descodificar um sinal pago e revendê-lo pela internet. É aqui que nasce o IPTV ilegal.
Barato e super fácil de utilizar, visto que funciona em qualquer dispositivo com app compatível: smartphones, Smart TVs ou boxes.
Consumidores adoram, governos tentam travar. Em Portugal começa a ser um problema grave!
Em Portugal, ao contrário de Itália ou Grécia, o consumidor final não é multado nem preso.
A lei só enquadra os distribuidores, o que dá uma falsa sensação de impunidade a quem compra. Já noutros países, a história é diferente: multas de 150 a mais de 1000 euros em Itália, e até pena de prisão na Grécia.
Por cá, um milhão de portugueses já acedeu a conteúdos ilegais, segundo dados europeus. Só em subscrições mensais de IPTV pirata, fala-se em quase 300 mil lares. Faça as contas ao dinheiro “perdido”.
O preço da pirataria
Pagar 60€ por ano, ou pagar 100€ todos os meses? Não é perfeito, porque a qualidade do sinal também não é a melhor. Mas, mesmo que às vezes trave em jogos grandes. Para os consumidores normais, compensa.
O problema é que esta escolha tem impacto gigante no setor.
São estimadas perdas anuais de 250 milhões de euros para a economia portuguesa, incluindo 70 milhões em impostos que deixam de entrar nos cofres do Estado.
Menos dinheiro, menos investimento, menos empregos e menos conteúdos nacionais.
O outro lado da moeda
Quem consome IPTV ilegal raramente pensa nos riscos.
Além do crime de violação de direitos de autor, há também ameaças de cibersegurança.
De acordo com a Europol e a Interpol, estas redes estão ligadas a máfias internacionais, burla e até financiamento de terrorismo. Não é só “ver futebol barato”, é alimentar um ecossistema de criminalidade organizada.
Mas… Alguém quer saber disso quando a equipa do coração está a jogar?
Mas, a verdade é que o cerco começa a apertar. Recentemente, a Europol desmantelou uma rede que envolvia mais de 560 revendedores de IPTV ilegal espalhados por 15 países. Houve detenções, bloqueios e até colaboração direta de ligas como a La Liga de Espanha.
A raiz do problema
Ainda assim, a pergunta mantém-se: porque é que as pessoas recorrem ao IPTV pirata? A resposta é quase sempre a mesma… Preços demasiado altos e oferta fragmentada.
Em Portugal, é preciso subscrever dois ou três canais diferentes para ver todos os jogos, e ainda assim o valor continua a subir.
Em suma, se existissem preços mais justos e pacotes realmente completos, a maioria dos consumidores preferia pagar. Enquanto isso não acontecer, o IPTV Ilegal só vai crescer.