A carne embalada pode ser “lavada” antes de ir para a prateleira

Vais ao supermercado, passas pela secção de frescos e lá está ela: carne embalada em cuvetes de esferovite, com película transparente e ar fresco. Parece prática, higiénica e até mais segura do que comprar no talho. Mas há um detalhe pouco conhecido que pode mudar completamente a forma como olhas para esses pacotes: muitas carnes embaladas são “lavadas” antes de chegarem à prateleira.

O que significa “lavada”?

Não estamos a falar de um simples enxaguamento com água. Em alguns casos, a carne é tratada com soluções químicas ou água sob pressão para eliminar bactérias, dar um aspeto mais fresco e prolongar o tempo de prateleira.

O processo pode envolver:

  • Água com ácido lático ou cítrico para reduzir microrganismos.
  • Dióxido de carbono em atmosfera modificada, que mantém a cor vermelha viva.
  • Lavagens mecânicas que retiram resíduos superficiais.

Em teoria, é para tua segurança. Mas na prática, também serve para dar uma aparência enganadoramente fresca a carne que já não estaria tão apelativa.

Porque é que isto acontece?

O objetivo é claro:

  • Prolongar a validade da carne, permitindo mais tempo em exposição.
  • Reduzir perdas financeiras do supermercado e do produtor.
  • Garantir uma aparência uniforme que convence o consumidor.

O problema é que o consumidor raramente sabe que este processo foi feito.

Fresco… mas nem tanto

Já reparaste que a carne embalada muitas vezes mantém um vermelho vivo mesmo depois de dias no frigorífico? Isso deve-se ao uso de atmosfera modificada, um truque que preserva a cor, mas não significa que a carne esteja mais fresca.

Na verdade, pode estar a mascarar o início da degradação.

alerta: não faça estes erros a descongelar a carne!

O que dizem os especialistas

Estudos da EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar) confirmam que estes processos reduzem o risco de contaminação bacteriana, mas também levantam dúvidas:

  • Alteram a perceção do consumidor sobre frescura.
  • Não eliminam totalmente os riscos de bactérias como a Salmonella ou o E. coli.
  • Podem criar falsa sensação de segurança, levando as pessoas a manusear mal a carne em casa.

Como identificar carne realmente fresca

Olha para a cor. Assim se for vermelho demasiado vivo, pode tratar-se de atmosfera modificada.

Verifica a data de embalagem e não confies apenas na validade.

Repara nos líquidos dentro da cuvete. O excesso de fluido pode indicar descongelação ou perda de qualidade.

Cheira sempre antes de cozinhar. A embalagem pode esconder odores até se abrir.

Talho vs. carne embalada

Talho: permite ver o corte, conversar com o talhante, pedir quantidades específicas. A carne é geralmente menos processada.

Embalada: prática, rápida e muitas vezes mais barata, mas pode esconder processos de conservação invisíveis.

A escolha depende de ti, mas convém saber exatamente o que estás a comprar.

alerta: não faça estes erros a descongelar a carne!

O que podes fazer como consumidor

  • Alterna entre carne fresca de talho e carne embalada.
  • Dá prioridade a embalagens com menor tempo desde a data de embalagem.
  • Informa-te sobre as práticas do supermercado muitos já divulgam métodos de conservação.

A carne embalada pode ser segura, mas nem sempre é tão “natural” quanto parece. A prática de “lavar” carne antes de embalar utiliza-se para prolongar prazos e melhorar a aparência, mas deixa os consumidores no escuro sobre o que realmente estão a comer.

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A ferver

Ana Oliveira
Ana Oliveirahttp://leak
Descobriu a paixão pela tecnologia entre aulas de engenharia e fóruns de gadgets, onde passava horas a debater especificações e novidades. Gosta de explicar tecnologia de forma simples, direta e prática como se estivesse a falar com amigos. É fascinada por tudo o que envolva inovação, privacidade digital e o futuro dos smartphones. Quando não está a escrever, está a testar apps, a trocar de launcher ou a explorar menus escondidos no Android.

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