Durante anos discutiu-se a mesma coisa: devem as apps como o Waze e o Google Maps avisar onde estão radares e operações policiais? De um lado, quem diz que isto “ajuda os malucos do volante a fugir às multas”. Do outro, quem garante que os alertas fazem o trânsito abrandar e salvam vidas. Spoiler: a realidade no terreno deita por terra metade desta polémica e há cada vez mais polícias a dizer, sem rodeios, que querem mesmo ser marcados no mapa do Waze.
O mito: “Se o Waze avisa, ninguém é apanhado”
O argumento clássico contra estes avisos é simples: o Waze avisa “polícia à frente”; o condutor trava, passa devagarinho ao lado do radar; e, logo a seguir, volta a carregar no acelerador como se nada fosse.

É daqui que nasce a ideia de que estas apps estão a estragar o trabalho da polícia e a “proteger os infratores”.
Tanto que países como a França já proibiram a indicação exata de radares e operações, obrigando apps como o Waze a mostrar apenas “zonas de perigo” mais genéricas, em vez do ponto exato onde está a polícia. Mas quando olhamos para o que está realmente a acontecer na estrada… a história muda de figura.
A realidade: mesmo marcados no Waze, continuam a ser apanhados
Várias forças policiais têm partilhado um detalhe curioso: mesmo quando estão marcados no Waze, continuam a apanhar condutores muito acima do limite.
Ou seja, só há três hipóteses:
- O condutor não usa Waze nem Google Maps.
- Usa, mas não ligou nenhuma.
- Está tão confiante (ou distraído) que ignora os avisos por completo.
E isto dá cabo da teoria de que “se o Waze avisa, não se apanha ninguém”. Há quem abrande, claro. Mas há também quem passe a 140 km/h numa zona de 90, com o ícone da polícia a piscar mesmo à frente.

A surpresa: há polícias que pedem para serem marcados no Waze
Agora vem a parte que ninguém estava à espera.
Em regiões como o Canadá, a própria polícia já veio a público pedir aos condutores que os marquem no Waze. A lógica é simples: “Se usas Waze, marca-nos no mapa. Assim, pelo menos durante o controlo, os condutores abrandam – e é para isso que estamos aqui.”
A mensagem é clara: Se o objetivo é reduzir a velocidade média e evitar acidentes, então ter um aviso de polícia ou radar no ecrã é uma ferramenta de segurança, não um truque para “enganar o sistema”.
E mais: algumas forças policiais admitem que não se importam nada de aparecer no Waze, desde que isso obrigue os condutores a olhar para o velocímetro e a tirar o pé do acelerador.
Mas nem tudo são rosas: o lado sombrio dos avisos
Claro que há um lado B nesta história e convém não o ignorar. Algumas polícias lembram que os mesmos avisos que ajudam a abrandar também podem ajudar quem não devia estar na estrada: condutores alcoolizados, pessoas sem carta, criminosos que querem evitar operações de fiscalização.
Se esse tipo de condutor souber exatamente onde está cada checkpoint, pode simplesmente dar a volta e desaparecer. É aqui que surgem as críticas:
“Ao reportar a nossa posição no Waze, podes estar a avisar um criminoso ou alguém que nunca devia estar ao volante.”
É também por isso que países como a França apertaram as regras e trocaram o “polícia aqui” por zonas mais amplas de perigo, onde podem estar radares, acidentes ou outras fiscalizações.
Então, afinal, Waze a avisar radares e polícia é bom ou mau?
Se tirarmos o ruído e olharmos para os factos, fica assim: Não é verdade que os avisos no Waze “anulem” o trabalho da polícia. É verdade que muitos condutores continuam a ser apanhados mesmo com tudo marcado no mapa. Há polícias que agradecem estes avisos porque obrigam a abrandar e isso traduz-se em menos acidentes e menos mortes.
Mas também existe o risco real de facilitar a vida a quem quer fugir à fiscalização, e é daqui que nascem as restrições em alguns países.
