Se já deste por ti a seguir o Waze ou o Google Maps e a pensar “mas porque raio é que ele me mandou por aqui?”, não estás sozinho. Nos últimos meses, milhares de condutores têm-se queixado do mesmo: rotas absurdas, atalhos estranhos e desvios por ruas minúsculas que parecem tudo menos o caminho mais rápido. Mas o mais curioso é que… não é erro. É intencional o facto do Waze e Google Maps estarem a mandar-te por ruas erradas.
O mapa já não é o mais rápido. É o mais estratégico
Durante anos, tanto o Waze como o Google Maps tinham um objetivo claro: levar-te do ponto A ao ponto B no menor tempo possível. Hoje, o jogo mudou. O algoritmo já não olha só para o teu tempo, mas para a fluidez do trânsito de toda a zona.
Em vez de te dar o caminho mais curto, o sistema tenta espalhar os condutores por várias rotas diferentes, para evitar engarrafamentos. Resultado? Tu sentes que estás a ser enganado… mas estás apenas a ser redistribuído.
A inteligência artificial do trânsito
Tanto o Google Maps como o Waze usam IA para prever o comportamento dos condutores.
A cada segundo, analisam:
- O número de carros numa zona,
- A velocidade média de cada troço,
- E até padrões históricos (por exemplo, “a esta hora esta rua fica bloqueada”).
Quando o sistema prevê congestionamento iminente, redireciona parte dos utilizadores automaticamente, mesmo que isso implique um pequeno desvio. Ou seja, se foste parar a uma ruazinha residencial, não foi um erro, foste o voluntário escolhido para aliviar o trânsito principal.
O problema: as cidades não estão preparadas
O plano parece bonito… no papel. Mas na prática, os moradores dessas ruas “secundárias” estão a perder a paciência. Há cada vez mais relatos de ruas tranquilas transformadas em autoestradas improvisadas, com filas intermináveis, buzinas e condutores stressados a tentar ganhar segundos.
Várias câmaras municipais (Lisboa incluída) já estão a estudar formas de limitar as rotas sugeridas pelos apps especialmente em zonas residenciais e históricas.
Outro motivo: a publicidade e os “interesses” locais
Pouca gente sabe, mas o Waze pertence à Google e isso abre espaço para ajustes subtis nas rotas. O algoritmo pode dar prioridade a trajetos que passam por estabelecimentos com visibilidade paga (sim, anúncios locais). Não é nada oficial, mas vários analistas de mobilidade já notaram correlações entre certas rotas e zonas de maior atividade comercial patrocinada.
Ou seja, às vezes o teu “atalho” é também uma viagem de marketing.
Atualizações automáticas que confundem
Outro fator recente: as atualizações em tempo real estão cada vez mais agressivas. Se um carro trava por 10 segundos ou se há obras temporárias, o sistema recalcula imediatamente mesmo que isso te obrigue a fazer uma volta enorme para ganhar… 20 segundos. Para o algoritmo, é ótimo. Para ti, parece um erro.
O que podes fazer para o Google Maps e o Waze não te mandarem por ruas erradas
Se quiseres rotas mais “normais”, há alguns truques:
- Usa o modo “trajeto mais curto” em vez de “mais rápido”.
- Repara no horário: às vezes o Waze está a “fugir” de restrições temporárias (zonas escolares, obras, limpezas).
- E, claro, usa o bom senso: se uma rua te parece perigosa ou absurda, confia em ti e não no GPS.
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