Waze: safa-te mesmo das multas ou estás a conduzir para uma armadilha?

Todos nós conhecemos aquele amigo (ou talvez sejas tu) que não liga o carro sem abrir o Waze, mesmo que seja para ir à padaria da esquina. A promessa é tentadora: chegar mais rápido e, claro, evitar aquela carta indesejada da ANSR com uma multa por excesso de velocidade. Mas será que o Waze é assim tão infalível? A resposta é “sim, mas…”, e é preciso teres cuidado. Se usas o Waze como um escudo protetor contra radares e multas, aqui está o que precisas de saber antes de carregares no acelerador.

O Poder da Comunidade (e a sua fraqueza)

O Waze não é mágico; é social. A razão pela qual ele sabe onde está a polícia ou um radar móvel é porque outro condutor (um “Wazer”) passou por lá antes de ti e reportou.

A Vantagem: Em estradas movimentadas (como a A1, A2 ou a 2.ª Circular), o sistema é incrivelmente eficaz. A probabilidade de alguém ter visto o radar antes de ti é altíssima.

O Risco: Se fores o “batedor” (o primeiro a passar) ou se estiveres numa estrada secundária com pouco tráfego, o Waze vai estar silencioso. E esse silêncio pode custar-te caro.

O Jogo do “Gato e do Rato”

As autoridades não vivem numa caverna. A PSP e a GNR sabem perfeitamente que o Waze existe. Muitas vezes, as operações de fiscalização de velocidade (radares móveis) são montadas e desmontadas em curtos espaços de tempo, ou mudam de posição apenas alguns quilómetros. Quando o Waze te avisa “Polícia reportada à frente”, tu abrandas. Mas se a polícia já tiver mudado de local e o alerta ainda não tiver sido atualizado pelos utilizadores, podes voltar a acelerar e cair na nova posição deles.

A Questão dos Radares de Velocidade Média

Aqui o Waze brilha. Portugal tem visto um aumento deste tipo de radares (que calculam a tua velocidade média entre dois pontos e não a velocidade instantânea). O Waze atualizou-se bem para isto. Ele não só te avisa do início e do fim do troço, como te mostra a tua velocidade média em tempo real enquanto percorres essa zona. Se estiveres distraído, esta funcionalidade é, sem dúvida, uma “salva-carteiras”.

Fonte: Chris Eades

O Perigo da “Falsa Segurança”

O maior problema do Waze não é a tecnologia, é a psicologia do condutor. Quando vês o mapa “limpo”, o teu cérebro assume que a estrada é tua pista de corridas pessoal. Chama-se a isto a falsa sensação de segurança. O Waze pode falhar por vários motivos:

Perda de sinal GPS/Dados: O alerta pode não carregar a tempo.

Delay: O tempo entre a polícia montar o radar e o primeiro utilizador reportar.

Radares “Camuflados”: Carros descaracterizados em movimento que medem a velocidade não aparecem no mapa fixo.

O Velocímetro do Waze é teu amigo

Uma funcionalidade subvalorizada é o velocímetro da app. Na maioria dos carros, o velocímetro do painel tem um erro propositado (marca mais velocidade do que a real). O GPS do Waze costuma ser mais preciso na velocidade real. Além disso, ele fica vermelho e emite um som quando ultrapassas o limite legal da via. Muitas vezes, isso é o suficiente para te alertar de uma mudança de limite de 90 km/h para 70 km/h que não viste na sinalização vertical.

Conclusão: Deves confiar?

O Waze é, provavelmente, a melhor ferramenta legal que tens para evitar multas em Portugal, superando o Google Maps e o Apple Maps na rapidez dos alertas de comunidade.

No entanto, não é um seguro contra multas. Se conduzires sempre acima do limite confiando apenas na app, eventualmente vais ser apanhado. A melhor estratégia? Usa o Waze para te manteres alerta sobre os perigos na estrada e limites de velocidade, mas conduz como se a app pudesse falhar a qualquer momento. Porque pode.

Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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