Quando se fala de modernizar as eleições em Portugal, muita gente confunde dois conceitos que parecem semelhantes, mas que na prática são mundos diferentes: voto eletrónico e voto online.

Este é um tema que está agora em voga devido às eleições de um clube grande de futebol, e que deverá voltar a ser falado quando tivermos as Autárquicas e as Presidenciais nos próximos meses.

Vamos por partes.

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Voto eletrónico não é voto online. Há diferenças.

O voto eletrónico já foi testado em Portugal em várias eleições e consiste em substituir o boletim de papel por uma máquina de voto.

Ou seja, o eleitor continua a ter de se deslocar fisicamente à mesa de voto, mas em vez de pôr uma cruz no papel, carrega num ecrã ou botão. A grande vantagem é a rapidez da contagem e a redução de erros humanos. Mas claro, a desvantagem é óbvia: exige máquinas certificadas, auditadas e que transmitam confiança, sem margem para manipulação.

Já o voto online é outra história. Aqui, o eleitor votaria a partir de casa, no telemóvel ou no computador, sem precisar de ir a uma assembleia de voto.

É obviamente mais cómodo, e muito provavelmente seria a melhor ferramenta contra a abstenção. Mas… Levanta riscos gigantes em termos de cibersegurança, manipulação de dados e até garantia do sigilo. Basta olhar para os ataques constantes a sistemas governamentais para perceber que confiar a escolha democrática de um país a uma ligação Wi-Fi ou 5G não é assim tão simples.

Ou seja, quando ouvimos falar de modernização, convém perceber do que estamos a falar. Voto eletrónico não é o mesmo que voto online. Um mantém o ritual de ir à urna, mas digitaliza o processo. O outro elimina a ida às urnas, mas abre um mar de riscos técnicos e políticos. A

Fica a ideia de que, por enquanto, o mais “certinho” ainda é meter a cruz no papel.