Quase toda a gente já substituiu o despertador clássico pelo telemóvel. É prático, ocupa menos espaço e ainda permite escolher músicas ou alarmes personalizados. Mas o que parece uma solução simples pode estar a ter consequências escondidas no teu sono, na tua saúde e até na tua produtividade diária. Dormir com o telemóvel na mesa de cabeceira tornou-se um hábito universal e é precisamente por isso que o problema passa despercebido. Só que cada vez mais estudos mostram que este hábito tem efeitos que vão muito além de um simples “clicar no snooze de manhã”.
Porque todos usamos o telemóvel como despertador
É prático: está sempre por perto.
- Assim substitui outros aparelhos: rádio-relógio, despertador ou até lâmpada (com a função de lanterna).
- Permite personalização: desde toques suaves até playlists completas.
- É multifunções: além do despertador, serve para ver mensagens, notificações ou até a hora durante a noite.
Mas é precisamente essa “versatilidade” que transforma o telemóvel num inimigo silencioso do teu descanso.
Os riscos de dormir com o telemóvel na mesa de cabeceira
1. Exposição à luz azul
Mesmo em modo repouso, muitos telemóveis emitem pequenas luzes (notificações, carregamento, ecrã sempre ligado). A chamada luz azul atrasa a produção de melatonina, a hormona responsável pelo sono profundo. Resultado: adormecer torna-se mais difícil e o descanso é menos reparador.
2. Dependência das notificações
Ter o telemóvel ao lado da cama aumenta a tentação de espreitar notificações antes de dormir e até durante a noite. Esse comportamento mantém o cérebro em estado de alerta e reduz a capacidade de relaxamento.
Quantas vezes disseste “vou só ver uma coisa” e acabaste a perder meia hora no Instagram ou no WhatsApp?
3. Acordares fragmentados
Mesmo que não acordes totalmente, notificações sonoras ou vibrações noturnas podem interromper os ciclos de sono profundo. Isso explica porque tanta gente acorda cansada, mesmo depois de “8 horas de cama”.
4. O botão snooze e o sono falso
O botão “snooze” do telemóvel é uma armadilha. Ao adiar o alarme várias vezes, entras em ciclos de sono fragmentados que não descansam realmente. Em vez de acordares com energia, acabas com sensação de moleza e fadiga.
5. Exposição a radiações
Embora os níveis de radiação dos telemóveis estejam dentro dos limites legais, especialistas aconselham a não manter o dispositivo tão próximo do corpo durante horas seguidas. Ter o telemóvel colado à cabeceira pode aumentar a exposição de forma desnecessária.
O que dizem os estudos
Um estudo da Harvard Medical School mostrou que usar telemóveis ou tablets antes de dormir atrasa em até 1 hora o início do sono profundo.
A Organização Mundial da Saúde já classificou a exposição excessiva à luz azul como um dos fatores que mais perturbam o ciclo circadiano.
Em experiências com jovens adultos, aqueles que dormiam com o telemóvel fora do quarto reportaram maior qualidade de sono e menos despertares noturnos.
Como quebrar este hábito sem perder o despertador
Volta ao despertador clássico. Um simples despertador digital resolve o problema. Há modelos com luz gradual ou sons da natureza.
Modo “não incomodar”. Se não consegues abdicar do telemóvel no quarto, ativa este modo para bloquear notificações noturnas.
Coloca o telemóvel longe da cama. Deixa-o a carregar numa prateleira distante. Assim, não cedes à tentação de mexer antes de dormir.
Evita o snooze. Se tens dificuldade em acordar, escolhe alarmes progressivos que aumentam o som lentamente, em vez de dependeres do snooze.
Investe em rotinas de sono. Ler um livro, ouvir música calma ou usar luzes quentes ajuda a preparar o corpo para dormir sem recorrer ao ecrã.
Impacto a longo prazo
Manter o telemóvel como despertador pode parecer inofensivo, mas a longo prazo traduz-se em:
- Maior risco de insónias crónicas.
- Cansaço acumulado e menos produtividade.
- Problemas de concentração e memória.
- Maior dependência digital.
- Tudo isto por causa de um hábito que pode ser corrigido de forma simples.
Usar o telemóvel como despertador é um dos erros mais comuns e também um dos mais prejudiciais para a qualidade do sono. Assim mantém o telemóvel longe da cama e aposta num despertador clássico.
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