No início parecia uma boa ideia. A cozinha estava em silêncio, não havia aquele barulho irritante sempre que fritava algo, e a luz do exaustor já mal funcionava. Então deixei de o ligar. Um dia. Depois dois. Quando dei por mim, já tinha passado um mês inteiro sem usar o exaustor. E foi aí que percebi: o cheiro não era o único problema.
“Não cheira a nada…” — até começares a reparar
No primeiro dia, fiz bifes. Depois umas batatas fritas. Nessa semana, cozinhei caril, ovos mexidos, refogado de cebola. Tudo normal. Mas, aos poucos, a casa começou a ganhar um “ar” diferente. Não era bem mau… mas também não era fresco. Um aroma entranhado que resistia ao arejamento, à limpeza e até aos ambientadores.
E o pior? Já nem notava até alguém me visitar. “Cozinhaste peixe ontem?”, perguntaram. Tinha sido há três dias.
O que o exaustor faz e porque é tão mais importante do que parece
O exaustor não serve apenas para tirar o cheiro imediato do que estás a cozinhar. Ele:
- Remove vapores quentes e gordura suspensa no ar;
- Evita a acumulação de partículas nos armários e paredes;
- Ajuda a controlar a humidade, prevenindo bolores;
- Reduz o risco de incêndio em cozinhas com pouca ventilação.
Ao deixares de o usar, estás a deixar que microgotículas de gordura se espalhem por toda a cozinha, se colem a superfícies, e comecem a acumular poeiras, cheiros e até fungos.
O impacto oculto: gordura, pó e alergias
Depois de quatro semanas, comecei a notar um brilho estranho no exaustor mesmo desligado. Era gordura. Pegajosa, escura. Os armários próximos estavam a ficar com um tom baço. O filtro da máquina do café estava mais sujo que o habitual. E pior: o pó do exaustor parecia colar-se a tudo.
Comecei a espirrar mais. Senti os olhos a arder em dias mais quentes. A combinação de gordura + pó é explosiva para quem tem alergias ou problemas respiratórios.
E o pior de tudo? A cozinha deixou de cheirar a “casa”
Há cheiros que confortam: pão quente, bolo no forno, arroz acabado de fazer. Mas quando tudo começa a cheirar a fritos velhos e óleo rançoso, até o pequeno-almoço sabe diferente. A minha casa passou a cheirar a refeitório antigo.
Perdi a vontade de cozinhar. Comecei a optar por refeições mais frias ou rápidas só para não gerar mais vapores. E isso afetou até a minha alimentação.
O erro que muita gente comete (e que eu também cometi)
Achar que o exaustor não faz falta porque a cozinha tem janela. Ou que “mais vale desligado, poupa-se na luz”. Mas o custo vem mais tarde: mais limpeza, mais desgaste nas paredes, mais humidade, mais cheiro entranhado nos tecidos. E sim até mais ácaros.
Entretanto se o exaustor for barulhento, troca por um modelo moderno e silencioso. Se está velho ou com filtro saturado, substitui-o. Mas nunca ignores a função que tem.
Como recuperei a cozinha e o cheiro de “lar”
Demorei dois dias a limpar tudo:
- Assim tirei o filtro do exaustor e lavei com vinagre quente e detergente;
- Limpei armários com desengordurante;
- Lavei cortinas e panos;
- Deixei janelas abertas por horas, com ventoinha a ajudar;
- Pulverizei limão e bicarbonato na bancada para neutralizar os odores.
Depois disso, voltei a usar o exaustor… e o alívio foi imediato.
Deixar de usar o exaustor parece inofensivo até sentires os efeitos
Pode parecer uma decisão simples, mas deixar de usar o exaustor é abrir a porta ao cheiro entranhado, à gordura acumulada e a uma série de problemas silenciosos. E sim, o barulho incomoda. Mas incomoda muito mais ter uma cozinha que deixou de cheirar a casa.
Agora, uso-o sempre. Mesmo para aquecer sopa. Porque aprendi da pior maneira: o cheiro entranhado foi só o começo.