Hoje em dia, e depois de a Apple ter sido “obrigada”, quase tudo carrega por USB-C. Telemóveis, tablets, auscultadores, consolas portáteis e, claro, portáteis. Entretanto, por várias razões que vão desde ambientalismo até poupanças para manter margens altas, as fabricantes deixaram de incluir carregadores nas caixas dos smartphones, tablets, e algumas até já começaram a remover esses mesmos carregadores da caixa dos portáteis.
O resultado é óbvio. Há muita gente com um carregador USB-C potente em casa e a fazer a mesma pergunta. Dá para usar isto no telemóvel? Ou em qualquer outro produto mesmo que seja mais pequeno?
A resposta curta é sim.
Porque é que isto funciona sem dramas?

A grande diferença face ao passado é que o USB-C não é apenas um conetor. Ele não passa toda a energia disponível só porque sim. É um sistema que negoceia energia antes de começar a carregar. Ou seja, entrega a energia necessária para o aparelho em questão, tendo em conta o teto máximo de cada aparelho em questão.
Desta forma, sempre que ligas um smartphone moderno a um carregador USB-C de portátil, existe uma conversa inicial entre os dois dispositivos. O carregador pergunta quanto é que o telefone aceita. O telefone responde. Só depois disso é que o carregamento começa.
É aqui que entra o USB Power Delivery. Quando ambos os lados suportam este standard, o processo é seguro e controlado. O carregador nunca dá potência a mais. Limita-se a fornecer aquilo que o dispositivo pede.
É por isso que ligar um carregador de 65W ou 90W ao telemóvel não significa que a bateria vá levar com essa potência toda. Isso simplesmente não acontece.
E a velocidade de carregamento?
Depende do telefone.
Assim, se o smartphone suportar carregamento rápido via USB Power Delivery, vais tirar partido disso. Se não suportar, o sistema recua automaticamente para um modo mais conservador. Normalmente 10W ou 15W, valores perfeitamente seguros.
Ou seja, no pior dos cenários o telefone carrega mais devagar. Não aquece mais, não se degrada mais depressa, não fica em risco. É por isso que esta solução funciona bem no dia a dia. Mesmo que o carregamento rápido não funcione, não há penalização real, tirando algum tempo extra ligado ao cabo.
Quando as coisas não são ideais
Mesmo quando um dos lados não suporta USB Power Delivery, o comportamento continua a ser previsível. O carregador passa para valores básicos e o telefone adapta-se. Não há surpresas.
O único ponto onde convém ter algum cuidado não é tanto no carregador, mas no cabo. Um cabo USB-C de má qualidade pode limitar a potência, causar instabilidade ou aquecer mais do que devia. Vale a pena ter um bom cabo USB-C.
Se o carregador for moderno e o cabo for decente, o risco é praticamente inexistente.
Faz sentido usar um só carregador para tudo?
Faz. É o futuro. Aliás, é cada vez mais o presente. De facto, sempre foi essa a promessa do USB-C. Um carregador capaz de servir vários dispositivos, sem dores de cabeça. Demorou anos a chegar a este ponto, mas finalmente faz sentido.
Desde que o hardware não seja duvidoso, podes ligar sem pensar duas vezes.

