Muitas pessoas acham que o carro só gasta gasolina. Enche-se o depósito e pronto, era essa a conta. Mas basta olhar um pouco mais de perto para perceber que cada quilómetro percorrido tem uma série de custos escondidos que se acumulam em silêncio: desde a desvalorização do veículo até ao seguro, impostos e manutenção. Por outro lado, os transportes públicos funcionam de forma diferente: pagas um valor fixo e, independentemente da distância percorrida, sabes exatamente quanto vais gastar no final do mês. Perceber esta diferença ajuda não só a calcular o impacto no orçamento familiar, mas também a decidir se compensa mesmo usar o carro todos os dias ou se os transportes podem ser uma alternativa mais racional.
Carro: todos os custos somados
O automóvel continua a ser o meio de transporte preferido da maioria dos portugueses. A liberdade de sair quando queremos, escolher o percurso e evitar horários impostos pelos transportes públicos pesa muito na decisão. No entanto, o custo real por quilómetro é bastante superior ao que a maioria imagina.
Combustível: um carro a gasolina, com consumo médio de 6 litros/100 km, gasta cerca de 11 cêntimos por quilómetro (com o litro a 1,80 €).
Portagens: em percursos de autoestrada, facilmente se acrescentam mais 5 a 10 cêntimos por quilómetro.
Manutenção: pneus, óleo, travões e revisões regulares custam, em média, mais 5 cêntimos por quilómetro.
Seguro e IUC: mesmo que o carro esteja parado, estas despesas existem. Com cerca de 800 € anuais, para 15.000 km por ano, acrescentam cerca de 5 cêntimos por quilómetro.
Desvalorização: talvez o custo mais esquecido. Um carro de 25.000 € perde metade do valor em seis anos. Isso significa uma perda média de 20 cêntimos por quilómetro.
Somando tudo, cada quilómetro feito de carro custa entre 0,45 e 0,55 €.
Um percurso diário de 10 km (ida e volta) não custa apenas 2 € em gasolina, mas sim cerca de 5 € por dia. Ao fim do mês, são mais de 100 €, sem incluir estacionamento.
Transportes: custo fixo e previsível
Nos transportes públicos a lógica é diferente. Não importa quantos quilómetros percorres: o custo é fixo, definido pelo passe. Isso dá previsibilidade às despesas e, na maioria dos casos, representa uma poupança gigantesca.
Passe Navegante (Lisboa): 40 € por mês. Mesmo que uses todos os dias e faças 1.000 km, o valor não muda.
Passe Porto: entre 30 e 50 €, dependendo das zonas incluídas.
Comboios de longo curso: mais caros, mas ainda assim com valores estáveis e mais baixos do que o automóvel particular, sobretudo em percursos regulares.
O custo real por quilómetro nos transportes ronda os 0,05 a 0,10 €. Ou seja, cinco vezes mais barato do que andar de carro.
Tempo, conveniência e qualidade de vida
É verdade que a decisão não depende apenas de dinheiro. O carro garante flexibilidade: sais quando queres, não tens de esperar por autocarros ou comboios e chegas diretamente ao destino. Mas essa conveniência tem um preço alto: filas intermináveis no trânsito, stress diário e custos escondidos que só se revelam quando fazemos as contas.
Já os transportes públicos podem parecer mais lentos, mas dão outras vantagens: podes aproveitar a viagem para descansar, ler, ouvir música ou até adiantar trabalho. Em muitas cidades, a rede é extensa o suficiente para cobrir a maioria dos percursos, e quando combinada com trotinetes ou bicicletas partilhadas, a flexibilidade aumenta bastante.
Vale mesmo a pena?
Se compararmos lado a lado, a diferença é clara:
Carro: 0,45–0,55 €/km, com custos variáveis, imprevisíveis e escondidos.
Transportes: 0,05–0,10 €/km, com valor fixo, previsível e muito mais económico.
Isto significa que usar o carro todos os dias pode sair cinco vezes mais caro do que optar por transportes. No final, cada quilómetro de carro é quase um luxo silencioso que muitos ignoram.
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