O mundo tecnológico já foi visto como um verdadeiro paraíso para trabalhar. Esta é a mais pura das verdades, e contra mim falo, que estudei engenharia informática e vi isto com os meus próprios olhos. Havia salários altos, segurança no emprego, regalias incríveis e a sensação de estar no topo, com um futuro garantido.
Afinal, mesmo que tudo corresse mal num emprego, era fácil mudar para outro, muitas vezes até a ganhar mais. Mas em 2025, a realidade mudou.
Hoje, o que não faltam são notícias de despedimentos em massa, horas de trabalho cada vez mais longas, ameaças vindas da inteligência artificial e uma redução brutal nas regalias que antes definiam o setor. Tenho colegas de faculdade que nem conseguem garantir um emprego estável, muitos já a procurar outros caminhos.
Só vai ficar pior?
Trabalhar em tecnologia: tudo mudou de um momento para o outro!
Se andou por faculdades como o ISEL, FCUL, IST ou similares, conhece bem as histórias quase lendárias de engenheiros pagos a peso de ouro para fazerem pouco, especialmente nos tempos em que o dinheiro fluía sem restrições. A pandemia, com as suas ondas de contratação em massa, foi o auge desse período.
Pois bem, esse cenário já não existe.
Só em 2025, mais de 50 mil pessoas foram despedidas em mais de 100 empresas tecnológicas. Isto sem contar com os números de 2024, que também foram pesados. A Meta cortou 5% da sua força laboral com despedimentos baseados em performance, a Microsoft seguiu o mesmo caminho e a Intel pode dispensar mais de 20 mil trabalhadores. Até a Google lançou programas de saída voluntária para reduzir custos.
E isto é só o começo. Estas gigantes estão cada vez mais focadas na inteligência artificial e, à medida que os algoritmos evoluem, a necessidade de força humana vai ficando mais curta.
As regalias também estão a desaparecer.
O teletrabalho, que já foi uma bandeira do setor, virou quase tema proibido. A Intel já exige quatro dias presenciais por semana e a Google ameaça despedir quem não voltar ao escritório.
Mesmo dentro dos escritórios, aquelas salas cheias de comida, jogos e mimos estão a desaparecer. O escritório é agora para trabalhar e ponto final.
Sim, os salários continuam bons, especialmente para quem está diretamente ligado à IA. Mas enquanto os lucros são canalizados para investir em infraestrutura de inteligência artificial, os aumentos salariais universais deixaram de existir. Além disso, a pressão por produtividade e os horários mais pesados não param de crescer. A Google, por exemplo, já defende que 60 horas semanais são ideais para atingir a máxima produtividade.
Com os despedimentos, as equipas estão cada vez mais pequenas, mesmo com mais clientes. Muitas funções simples foram entregues à IA e gestores que não programavam há anos viram-se obrigados a voltar a escrever código porque já não têm equipas suficientes.
Infelizmente, a ordem agora é cortar custos em todo o lado, com as empresas a perseguirem os números que os investidores querem ver.
Será que isto vai melhorar? Num mundo onde a economia está cada vez mais instável, onde os cortes não abrandam e a corrida pela IA não pára, parece improvável que o setor tecnológico volte tão cedo a ser aquele farol brilhante de sucesso e inovação que já foi.
O que acha? Ainda vale a pena apostar numa carreira em tecnologia?