Pode parecer uma escolha simples e inofensiva, mas o toque que tens no telemóvel pode estar a afetar a tua saúde mental e sem que te apercebas. Diversos estudos e especialistas em psicologia têm vindo a alertar para a forma como certos sons, especialmente os repetitivos e associados a alertas, ativam estados de stress e ansiedade no nosso cérebro. E o toque que escolhes para o telemóvel é, muitas vezes, o gatilho número um.
O cérebro reage a certos sons como se fossem ameaças
Quando ouves o som do teu telemóvel a tocar, seja uma chamada, uma notificação ou um alarme, o teu cérebro entra automaticamente em modo de alerta. Isto acontece porque, ao longo do tempo, associamos esses sons a situações que exigem uma resposta imediata: um email do trabalho, uma mensagem urgente, uma chamada inesperada.
É o chamado “condicionamento auditivo”. Mesmo que estejas a descansar, a ver uma série ou a dormir, o som ativa a amígdala, uma região do cérebro responsável pela resposta ao medo. Resultado? O teu corpo liberta cortisol (a hormona do stress) e pode até acelerar o ritmo cardíaco. Isto tudo porque alguém te enviou um emoji no WhatsApp.
Os piores culpados? Toque para o telemóvel que sejam agudos, repetitivos e agressivos
Toques de telefone como alarmes clássicos, tons metálicos, apitos ou sons de sirene são os mais problemáticos. Estes sons foram criados para chamar a atenção rapidamente, mas o problema é que forçam o cérebro a reagir como se estivesse em perigo. E quando isto acontece várias vezes por dia, todos os dias, o efeito acumulado pode ser bastante negativo.
Segundo um estudo da Universidade de Durham, sons de notificação mais agudos provocam maior stress do que sons suaves ou naturais. Muitos utilizadores de Android e iPhone escolhem toques pré-definidos sem pensar no impacto emocional que podem ter e aí está o erro.
Ansiedade digital: o mal silencioso da era moderna
Este fenómeno insere-se num conceito mais amplo chamado “ansiedade digital”. Ou seja, o stress constante causado pela expectativa de notificações, mensagens ou chamadas. E, por incrível que pareça, muitas pessoas relatam sentir ansiedade mesmo antes do telemóvel tocar, apenas por antecipação.
Alguns dos sintomas mais comuns incluem:
- Sensação de nervosismo ou irritação sempre que ouves o toque
- Aceleração do batimento cardíaco
- Dificuldade em relaxar, mesmo quando estás longe do telemóvel
- Sensação de “vibração fantasma” (quando achas que o telemóvel vibrou… mas não)
Então o que deves fazer?
Felizmente, há soluções simples que podem ajudar a reduzir este impacto sem deixares de estar contactável. Aqui estão algumas mudanças que podes experimentar:
- Escolhe sons mais suaves ou naturais. Tons de natureza, melodias calmas ou sons ambiente reduzem a reatividade do cérebro.
- Diminui o volume das notificações. Um som menos agressivo já causa menos stress.
- Ativa o modo “Não incomodar” em horários específicos. Ideal à noite ou durante períodos de foco.
- Personaliza os toques por contacto. Assim sabes logo se é algo importante — e evitas sobressaltos desnecessários.
- Desliga notificações não essenciais. Nem tudo precisa de um alerta sonoro.
Até as marcas já estão a mudar o tom
Curiosamente, algumas marcas tecnológicas já começaram a aplicar este conhecimento. Certos modelos recentes de smartphones vêm com toques baseados em frequências relaxantes, e assistentes virtuais (como o Google Assistant ou a Alexa) usam tons suaves para evitar causar alarme.
A tendência é clara: os consumidores estão mais conscientes do impacto dos sons nos seus estados emocionais, e as marcas não querem ser associadas a mais ansiedade.
Se andas a sentir-te mais irritado, ansioso ou incapaz de relaxar… pode ser o teu toque de telemóvel a contribuir. Parece exagero, mas é real: o som que te acompanha todos os dias tem um efeito direto na tua mente.
Mudar o toque pode parecer uma coisa pequena, mas num mundo onde estamos constantemente conectados, qualquer gesto que reduza a ansiedade conta. Escolhe sons que te acalmem não que te perturbem.