O erro de deixar o telemóvel sempre no modo silencioso

Hoje em dia, o telemóvel já não é apenas um acessório: é a nossa agenda, despertador, carteira e, muitas vezes, a ponte mais direta para o trabalho e para os amigos. Mas há quem viva com ele sempre no modo silencioso. Parece uma boa ideia: menos distrações, menos notificações a incomodar. O problema é que este hábito pode estar a ter um impacto muito maior do que imaginas na tua saúde, na tua produtividade e até nas tuas relações pessoais.

O conforto do silêncio

É fácil perceber a tentação. O som constante das notificações pode ser irritante: mensagens de WhatsApp, emails, alertas de redes sociais. Ao ativar o modo silencioso, libertas-te dessa avalanche. Sentes que ganhas controlo sobre o teu tempo e que o telemóvel deixa de mandar em ti.

Mas o que parece liberdade pode, na verdade, transformar-se num novo tipo de ansiedade invisível.

Este gesto no telemóvel está a partir o ecrã sem dares conta

A ansiedade do “e se?”

Um estudo publicado pela Journal of Computer-Mediated Communication mostrou que muitas pessoas que deixam o telemóvel sempre em silêncio acabam por verificar o aparelho mais vezes. Porquê? Porque têm medo de ter perdido algo importante.

Este fenómeno chama-se FOMO (Fear of Missing Out). A ideia de que podes ter perdido uma chamada urgente, um email de trabalho ou uma mensagem de alguém especial cria uma necessidade de estar constantemente a confirmar. Ou seja, o silêncio não elimina a ansiedade apenas a disfarça.

Quando o silêncio se torna isolamento

Outro problema é o impacto nas relações pessoais. Quantas vezes já ouviste:

  • “Liguei-te e não atendeste.”
  • “Mandei mensagem e só respondeste horas depois.”

Se isto acontece com frequência, os outros começam a achar que és desligado, desinteressado ou até mal-educado. Pode não ser justo, mas a perceção conta. O silêncio constante pode criar barreiras invisíveis, afastando-te de oportunidades ou até de pessoas importantes.

deixar se usar o telemóvel por três dias faz isto ao seu cérebro!

O risco profissional

No trabalho, o impacto pode ser ainda maior. Perder uma chamada de um cliente, não ver uma notificação urgente ou responder tarde a um email pode custar caro. Em muitas áreas, a rapidez de resposta é vista como profissionalismo.

Ao manter o telemóvel sempre em silêncio, arriscas a tua imagem profissional e até projetos futuros.

O impacto na saúde mental

Viver permanentemente com o telemóvel em silêncio também pode ter efeitos psicológicos.

  • Aumenta a vigilância constante: estás sempre a verificar se há notificações.
  • Cria stress adicional: a incerteza do “o que estarei a perder neste momento?” não te deixa relaxar.
  • Diminui o descanso real: mesmo nos momentos de pausa, a tua mente continua alerta.
  • Em vez de reduzir a ansiedade, o modo silencioso constante pode alimentá-la.

A ilusão do controlo

Muitos acreditam que o silêncio é sinónimo de controlo. Mas, na prática, não se trata de eliminar notificações trata-se de não ouvi-las. Elas continuam a existir, continuam a acumular-se e continuam a exigir atenção.

É como fechar os olhos numa divisão desarrumada: não resolves o problema, apenas deixas de o ver.

Alternativas mais saudáveis

Entretanto se o objetivo é ter mais paz e foco, há formas mais eficazes do que manter o telemóvel eternamente em silêncio:

Modo “Não incomodar” seletivo: permite bloquear notificações supérfluas, mas deixa passar chamadas importantes.

Grupos de prioridade: configurar apps para só enviarem alertas quando for realmente urgente.

Pausas programadas: definir horários para verificar mensagens, em vez de estar sempre em modo de espera.

Silêncio apenas em contextos específicos: reuniões, horas de estudo ou momentos de descanso.

Assim, consegues equilíbrio entre tranquilidade e disponibilidade.

Deixar o telemóvel sempre em modo silencioso parece, à primeira vista, uma estratégia para ter paz. Mas a realidade é diferente: o silêncio pode criar mais ansiedade, prejudicar relações, comprometer a vida profissional e afetar a saúde mental.

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Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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