O caos do Streaming: já me arrependo de ter largado a TV tradicional

A promessa era simples: largar a operadora, poupar dinheiro e ver só o que queremos. A realidade? É uma confusão cara, cheia de falhas e menus impossíveis. Durante muito tempo, acreditei piamente que a televisão por cabo “tradicional” era um dinossauro: ultrapassada, cara e cheia de canais que ninguém vê. Por isso, fiz o que muitos pensam fazer: cortei o cordão à box da operadora e apostei tudo no mundo do streaming. A ideia era ter uma experiência personalizada e, acima de tudo, poupar uns bons euros ao final do mês. Mas a verdade é que abandonar a TV tradicional não foi o paraíso de conveniência que eu imaginava. Entre subscrições que sobem de preço todos os anos, conteúdos que desaparecem do nada e menus que parecem labirintos, aqui estão as razões pelas quais já me estou a arrepender.

1. A Internet falha (e sempre nos piores momentos)

Mesmo que tenhas fibra de alta velocidade em casa, os soluços acontecem. E no streaming, um “soluço” é fatal.

Imagina o cenário: estás a ver os últimos minutos de um jogo decisivo da Liga dos Campeões ou um clássico do campeonato. A tua equipa vai isolada para a baliza e… puf. O ecrã congela e aparece a rodinha de “a carregar”. Enquanto ficas a olhar para o buffering, ouves o vizinho gritar golo.

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Com a TV por cabo, o sinal é estável. No streaming, especialmente em direto, a infraestrutura ainda treme quando há muita gente ligada. Se a Internet falha, ficas a olhar para nada.

2. Os preços não param de subir (adeus, poupança)

Lembras-te de quando o argumento para ter Netflix era “é muito mais barato que a TV”? Pois.

A fragmentação do mercado matou a poupança. Hoje, para teres acesso a tudo o que tinhas antes, precisas da Netflix, da Disney+, da HBO Max (agora Max), da Amazon Prime, talvez da Apple TV+ e, se gostares de desporto, da DAZN ou Sport TV.

Quando somas estas faturas todas que aumentam quase anualmente, percebes que estás a pagar tanto (ou mais) do que pagavas pelo teu antigo pacote de TV com 150 canais. A era do streaming “baratinho” acabou.

3. Onde é que está a minha série?!

Na TV tradicional, sabes onde estão os canais. No streaming, o conteúdo joga às escondidas devido às licenças.

Um dia tens os filmes todos da Marvel ou da Disney num serviço; no outro, podem desaparecer devido a disputas contratuais. Vê o que acontece com as séries da Warner ou da HBO, que ora estão numa plataforma, ora saltam para a Netflix.

Continente Disney+, disney+ canais ao vivo, Disney+ juntou-se à Netflix

É uma incerteza constante. Nunca sabes se a série que começaste a ver hoje ainda vai estar lá amanhã ou se terás de subscrever mais um serviço para ver o final.

4. Menus que são um pesadelo (a “regra dos pais”)

Seja Google TV, Tizen (Samsung) ou WebOS (LG), as interfaces das Smart TVs estão cada vez mais poluídas. Estão cheias de recomendações que não pediste e publicidade intrusiva.

Para nós, geeks, é chato. Para os nossos pais, é impossível. A simplicidade de pegar num comando e carregar no “1” para ver a RTP ou no “3” para a SIC morreu. Agora tens de navegar entre apps, esperar que carreguem, fazer login…

E mudar de canal? Na TV por cabo, mudar de um jogo de futebol para as notícias demora um segundo: P+ ou P-. No mundo do streaming, tens de fechar a app da DAZN, voltar ao menu inicial, abrir a app da CNN ou da RTP Play, esperar que carregue e selecionar o direto. A fluidez desapareceu.

O futuro é o streaming, mas o presente é uma dor de cabeça

Cortei o cabo da TV à espera de liberdade, mas troquei um conjunto de problemas por outro. As falhas nas emissões em direto, a complexidade de saltar entre apps e o custo acumulado de ter “tudo” fazem com que, por vezes, sinta saudades da simplicidade da velha box da operadora.

O streaming é o futuro, sem dúvida. Mas até que o mercado estabilize e as interfaces melhorem, “cortar o cabo” pode não ser a solução mágica que nos prometeram.

E tu? Já abandonaste a TV tradicional ou continuas fiel à box da operadora?

Catarina Couto
Catarina Couto
Apaixonada por tecnologia desde que usou o primeiro Nokia com ecrã monocromático, começou a escrever sobre gadgets ainda nos tempos da faculdade. Cresceu entre fóruns, blogs e lançamentos de telemóveis e nunca mais largou o mundo digital. Adora testar novos dispositivos, descobrir truques escondidos nos smartphones e simplificar a tecnologia para quem a usa no dia a dia.

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