Os SSDs revolucionaram a forma como armazenamos e acedemos a dados: são rápidos, silenciosos, resistentes ao choque e não têm partes móveis como os discos rígidos (HDD) tradicionais. Mas há um detalhe que muitos ignoram: desligar um SSD e deixá-lo guardado numa gaveta sem uso durante muito tempo pode estar a corromper os seus ficheiros em silêncio. Parece exagero? Não é. Há dados técnicos que explicam exatamente por que motivo os SSDs não devem ficar desligados e esquecidos durante longos períodos.
SSD guardado numa gaveta? Desligar não significa preservar!
Ao contrário dos HDDs que podem ficar anos parados e ainda funcionar quando os volta a ligar os SSDs degradam-se lentamente quando estão desligados. A razão está na tecnologia usada: transístores de porta flutuante que armazenam cargas elétricas para representar os seus ficheiros.
Com o tempo, os elétrons que guardam essa informação vão-se perdendo, mesmo que o disco esteja perfeitamente guardado e nunca tenha sido usado. Resultado? Ficheiros corrompidos, erros de leitura ou o disco a aparecer como ilegível quando o ligares novamente.
Temperatura + tempo = perigo
Segundo as normas da JEDEC (Joint Electron Device Engineering Council):
- Um SSD de consumo (normal) só é obrigado a manter os dados por 1 ano se estiver armazenado a 30 ºC.
- Modelos empresariais (enterprise-grade) podem perder dados ao fim de 3 meses desligados.
Se o SSD estiver guardado num local quente, por exemplo, numa gaveta perto de uma fonte de calor, num carro ou até numa arrecadação mal ventilada o processo acelera. Está, literalmente, a “cozinhar” os seus ficheiros.
Um erro comum
Muitos utilizadores associam o “estado sólido” a estabilidade infinita. Mas isso é um mito. Os SSDs comportam-se mais como baterias: mesmo quando desligados, perdem carga ao longo do tempo.
O problema é que não há aviso imediato. Só quando volta a ligar é que se apercebe de que algo está errado:
- Ficheiros que não abrem;
- Dados corrompidos;
- Mensagens de erro ao tentar aceder ao disco.
E nessa altura, pode ser tarde demais.
O tempo de retenção depende da vida útil do SSD
Outro fator a ter em conta é que os testes de retenção de dados não se aplicam a SSDs novos, mas sim a discos já usados, muitas vezes perto do fim da sua vida útil (medida em TBW – Terabytes Escritos).
Ou seja: se tem um SSD que já foi muito usado e o guardou depois de o substituir, a probabilidade de ele perder dados mais rapidamente é ainda maior.
O que pode fazer para proteger os seus dados?
Se tem SSDs antigos com ficheiros importantes, aqui ficam alguns conselhos:
- Evite guardar SSDs desligados durante meses;
- Ligue-os de vez em quando. Por exemplo, a cada 2–3 meses, para manter as células ativas;
- Guarde-os em locais frescos e secos, longe de calor e humidade;
- Faça backup em múltiplos suportes, incluindo discos HDD (que são mais fiáveis a longo prazo) ou na cloud.
Ou seja, apesar de toda a sua velocidade e inovação, os SSDs não são perfeitos para armazenamento a longo prazo sem energia. Se quer manter osseus ficheiros seguros, não deixe os seus discos “a dormir” por tempo indefinido.