O Sol voltou a surpreender e desta vez, parece mesmo estar a gritar. Uma enorme boca aberta surgiu no hemisfério sul do Sol, acompanhada por duas “manchas oculares” gigantes no norte. Não é photoshop. É um fenómeno real e está a enviar rajadas de vento solar na direção da Terra. Mas o que se passa? Tudo se deve a algo chamado buraco coronal.
NASA captura imagem do sol a gritar! Estamos em perigo?
O que é um buraco coronal?
Apesar do nome dramático, não é literalmente um buraco no Sol. Trata-se de uma região onde o campo magnético solar se abre, permitindo que partículas solares escapem com maior facilidade. Assim estas partículas formam o chamado vento solar, que viaja pelo Sistema Solar a velocidades impressionantes.
Entretanto à vista desarmada, ou mesmo com telescópios tradicionais, não se nota nada de estranho. Mas em comprimentos de onda ultravioleta, os buracos coronais aparecem como manchas escuras, menos densas e mais frias, comparadas ao resto da superfície solar.
Uma “cara solar” que parece saída de um filme
No dia 4 de junho, imagens captadas pela NASA em três comprimentos de onda ultravioleta diferentes mostraram o Sol com uma aparência invulgar: duas manchas no norte do disco solar, do tamanho de Júpiter, e uma fenda escura no sul, parecendo uma boca aberta.
E sim todos estes pontos estão a emitir partículas em direção ao Sistema Solar, incluindo ao nosso planeta.
Devemos preocupar-nos?
Não. Apesar do dramatismo visual, buracos coronais são fenómenos normais e recorrentes durante o ciclo solar. O vento solar que emitem pode causar tempestades geomagnéticas, que afetam o campo magnético da Terra e podem provocar auroras. No entanto raramente causam problemas graves.
O Sol anda mais ativo que o normal?
Sim. O nosso Sol está agora numa fase especialmente energética do seu ciclo de 11 anos. Recentemente, assistimos a uma forte tempestade geomagnética de classe G4, que levou auroras boreais a serem visíveis em locais tão improváveis como o sul da Europa e partes dos EUA onde raramente acontecem.
E há mais por vir: com o pico da atividade solar ainda a desenrolar-se, esperam-se mais erupções, mais vento solar e mais surpresas nos céus.
Ou seja, o Sol pode parecer estar a gritar, mas na verdade está apenas a fazer o que faz há milhares de milhões de anos.