Smartphones recondicionados: negócio de sonho ou dor de cabeça

Tens um iPhone 11 já cansado, bateria nos 71%, problemas a carregar e estás ali a namorar um iPhone 15 Pro ou 16 Pro… mas novo é caro e recondicionado mete-te medo? Bem-vindo ao clube. A discussão é sempre a mesma sobre o negócio dos smartphones recondicionados: valem a pena ou não e a resposta honesta é pode ser muito bom… ou uma grande dor de cabeça, dependendo de duas coisas-chave: onde compras e o que aceitas em troca do desconto.

Vamos por partes.

Antes de o deitares fora: já limpaste a entrada e trocaste a bateria?

Assim no caso do iPhone 11 do exemplo, há dois problemas clássicos:

  • Entrada de carregamento “estragada”
    Em 99% dos casos não é o iPhone que está a morrer. É cotão, pó e lixo acumulado na porta. Um palito de madeira ou plástico (nunca metal) + cuidado = muitas vezes porta “nova”. Entretanto muitos só percebem isto quando um técnico limpa e o “milagre” acontece.
  • Bateria a 71% de saúde
    Aqui sim, está no fim de vida. Mas trocar a bateria em loja de confiança pode ficar por 30–80€, dependendo de onde vais. Para além disso em vez de gastares 800–1.200€ num iPhone novo, metes mais um ou dois anos de vida no que já tens.

iphone se 4 coloca três pregos no caixão dos exclusivos apple

Se o que te incomoda é apenas autonomia e carregamento, às vezes reparar sai muito mais em conta do que entrar logo na lotaria do recondicionado.

O que é, afinal, um smartphone recondicionado?

Um smartphone recondicionado não é “o usado do OLX”. Em teoria, é isto. Foi devolvido, trocado ou usado em renting/empresas. Foi testado, limpo e, se necessário levou bateria nova, ecrã novo, capa traseira nova, etc. Para além disso vem com garantia (6, 12, 24 ou até 36 meses, dependendo da loja).

Na prática, há vários níveis:

  • Grade A / “Como novo” – riscos mínimos, bateria decente, tudo a funcionar impec.
  • Grade B / C – alguns riscos visíveis, possíveis marcas de uso, bateria mais gasta.

E depois há o lado menos bonito: em muitos recondicionados baratos, quase tudo o que é componente foi trocado por peças “genéricas” (ecrã, bateria, colunas…) e, muitas vezes, a única coisa 100% Apple é a placa e a câmara frontal.

botão extra do iphone 16 serve para quê? não é para tirar fotos!

Vantagens de comprar recondicionado

Se escolheres bem, podes ter:

  • Poupança de 200–500€ face ao preço de novo.
  • Acesso a modelos “Pro” (melhor câmara, melhor ecrã) ao preço de um modelo base novo.
  • Menos impacto ambiental – prolongas a vida de um aparelho que já existe.
  • Garantia formal – em lojas como Back Market, Swappie, iServices, CEX, etc., tens sempre algum tipo de garantia e período de devolução.

Entretanto é por isso que tantos utilizadores dizem: “Comprei um 12 Pro recondicionado e estou felicíssimo, parece novo”.

Os riscos (que quase ninguém te conta)

Agora o outro lado da moeda.

1. Bateria “martelada”

É muito comum:

  • Bateria com saúde abaixo dos 85–90%, mesmo em Grade A ou “nova” mas genérica, com pior autonomia e desgaste mais rápido.

Regra de ouro:

Compra sempre a contar com, pelo menos, uma troca de bateria nos próximos 1–2 anos. Se o preço não justificar isto… talvez não valha a pena.

2. Peças não originais e perda de resistência à água

Sempre que um iPhone é aberto:

  • Perde a vedação original na prática, esquece a “resistência à água”. Entretanto ecrã, bateria, colunas e até câmaras podem ser peças paralelas de qualidade variável.

Entretanto muitas pessoas só percebem que o ecrã é pior quando:

  • o brilho ao sol é fraco,
  • as cores parecem “lavadas”,
  • o toque falha mais.

(mini-review) shark 9: parece um iphone mas custa 130€

3. Qualidade do recondicionamento varia muito de loja para loja

Este é o ponto mais importante:

  • Assim tens lojas e plataformas muito sérias, com histórico, boas avaliações e bom pós-venda.
  • E tens outras onde, como vários utilizadores comentam, já abriram iPhones quase todos com peças baratas, plásticos de proteção ainda por tirar e baterias miseráveis.

Daí a frase que aparece muitas vezes:

O problema não é comprar recondicionado. É onde compras.

Onde faz sentido comprar (e o que deves confirmar sempre)

Algumas dicas práticas, seja Fnac, Back Market, Swappie, iServices, CEX, Worten, etc.:

Garantia e devolução

  • Procura pelo menos 12 meses de garantia – idealmente 24 ou mais. Confirma se há devolução sem perguntas nos primeiros 14–30 dias.

Grading claro

  • Lê bem o que significa Grade A, B, C em cada loja (não é padrão) e se és picuinhas com riscos, fica-te por Grade A / “Como novo”.

Bateria

  • Vê se a loja garante mínimo de saúde (ex.: >85%) e se não disser nada, assume que vais ter de trocar mais cedo ou mais tarde.

Fatura e origem

  • Entretanto exige sempre fatura (por causa da garantia).
  • Desconfia de preços demasiado baixos para um modelo recente.

Testar tudo nos primeiros dias

  • Rede/4G/5G, Wi-Fi, Bluetooth, câmara (frontal e traseira), som, microfones.
  • Ecrã: brilho máximo, cores, toques múltiplos.
  • Se algo não estiver perfeito, usa a devolução. Não tenhas pena.

Então… no teu caso, compensa recondicionado ou não?

Se estás entre iPhone 16 Pro / 15 Pro recondicionado ou iPhone 16 ou 16e novo (ou outro modelo atual) pensa assim:

  • Se o desconto real do recondicionado face a novo for só 100–200€, estás a perder resistência à água, arriscar bateria pior e aceitar uma lotaria de peças.

Nessas situações, muitos utilizadores acabam por dizer: “Por esse valor, preferi comprar novo”.

Já se apanhares:

  • Um 14 Pro ou 15 Pro recondicionado bem tratado,
  • Com boa garantia, Grade A e bateria decente,
  • E uma diferença de 300–500€ face ao novo,

a conversa muda: assim, o recondicionado pode ser um negócio excelente, especialmente se manténs o iPhone durante muitos anos.

Conclusão: vale a pena, mas entra com olhos abertos

Smartphones recondicionados valem a pena quando:

  • o desconto é significativo,
  • compras em loja com bom histórico,
  • tens garantia sólida e política de devolução,
  • e aceitas que, em última análise, não é o mesmo que tirar o selo a um equipamento novo.

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A ferver

Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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