Nos últimos meses, multiplicaram-se notícias sobre pequenos sismos em Portugal. De norte a sul, são relatados abalos sentidos pela população e isso levanta sempre a mesma pergunta: estamos a caminhar para um grande terramoto? Entre receios legítimos e mitos que circulam nas redes sociais, a verdade científica é bem diferente. Eis o que realmente sabemos sobre o risco sísmico e a possibilidade de grandes sismos em Portugal.
Portugal está em zona de risco sísmico
Portugal localiza-se na fronteira entre a placa euro-asiática e a placa africana, o que significa que o nosso território está numa região com atividade sísmica relevante.
Assim a zona mais crítica é a falha Açores-Gibraltar, que atravessa o Atlântico até ao sul de Portugal e Espanha.
O histórico não mente: o terramoto de Lisboa de 1755 foi um dos mais destrutivos da história da Europa, seguido de tsunami e incêndios.
Ou seja: os sismos fazem parte da realidade geológica portuguesa.
Os pequenos sismos são aviso de algo maior?
É aqui que surge um dos maiores mitos: acreditar que vários sismos pequenos seguidos “anunciam” um grande.
Mito: muitos tremores fracos são sinal de um sismo forte iminente.
Verdade: na maioria dos casos, pequenos sismos representam apenas a libertação normal de energia da crosta terrestre.
A ciência atual não consegue prever quando nem onde ocorrerá um grande sismo. Nem o IPMA, nem centros internacionais de monitorização têm ferramentas para dizer “vai acontecer amanhã” apenas probabilidades a longo prazo.
Qual é o verdadeiro risco em Portugal?
- Lisboa e Vale do Tejo: risco histórico mais elevado.
- Algarve e Alentejo litoral: áreas próximas da falha Açores-Gibraltar.
- Açores: atividade sísmica e vulcânica frequente.
Estes locais estão mais sujeitos a tremores de maior intensidade. Não significa que vá acontecer amanhã, mas significa que a probabilidade é real.
O que é mito sobre os sismos
“Dá para prever com dias de antecedência” – Não é verdade. Nem a tecnologia mais avançada consegue isso.
“Animais pressentem sempre sismos” – Muitos relatos existem, mas não há prova científica sólida.
“Pequenos sismos evitam grandes” – Outro mito. Não há relação direta que garanta isso.
O que é verdade
Portugal está numa zona de risco sísmico ativo.
Normas de construção modernas já incluem medidas anti-sismo em edifícios.
O IPMA monitoriza em tempo real e publica boletins de todos os abalos sentidos.
A prevenção (planos de evacuação, kits de emergência) é a melhor defesa, já que não existe previsão fiável.
Como te podes preparar (sem alarmismos)
Verifica a tua habitação: se é antiga, confirma se cumpre normas de segurança.
Tem um kit básico: lanterna, pilhas, rádio, garrafas de água e primeiros socorros.
Sabe o que fazer: durante um sismo, afasta-te de janelas e objetos que possam cair; procura abrigo debaixo de uma mesa resistente.
Informa-te em fontes oficiais: segue o IPMA e a Proteção Civil, não rumores em redes sociais.
Ou seja, ninguém pode afirmar que um grande sismo está para chegar em Portugal nos próximos dias ou meses. O que a ciência garante é que o risco existe e é elevado em certas regiões mas isso é verdade há séculos.
Entretanto o grande erro é viver entre dois extremos: o alarmismo que cria pânico ou a indiferença total. Assim o caminho certo é estar informado, preparado e exigirmos que as normas de construção e proteção civil sejam cumpridas. Vêm aí grandes sismos? A resposta curta é: um dia, sim. Mas ninguém sabe quando.
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