Sim, leste bem. E isto é algo que me faz confusão porque ainda me lembro de me ligar à Internet e de a minha mãe andar a gritar pela casa porque o telefone não funcionava. Mas se tivesses espaço suficiente no disco e a Netflix não te bloqueasse, já conseguias sacar todos os filmes e séries do catálogo num segundo.
Tudo isto graças a uma nova ligação ótica desenvolvida no Japão, que atinge uns absurdos 1,02 petabits por segundo. Estamos a falar de uns 125 TB por segundo.
Quanto pesa a Netflix?
Isto depende sempre da altura em que quer saber, porque temos sempre conteúdo a ser adicionado, enquanto outro vai desaparecendo. Mas, o catálogo da Netflix tinha cerca de 18 mil títulos em 2023. Assim, assumindo uma média de 7 GB por título, seriam precisos uns 123 TB para guardar tudo.
Ora, com esta nova ligação, seria coisa de um piscar de olhos. Literalmente 1 segundo e já estavas pronto para ver tudo offline (isto claro, se tivesses um SSD de 123 TB… e se a Netflix deixasse).
Como é que isto é possível?
A proeza foi conseguida pelo instituto NICT do Japão, que criou um cabo de fibra ótica com 19 núcleos diferentes, todos a trabalhar em paralelo.
Isso permite transferências de dados a uma velocidade absurda. Mais impressionante que isso. Foi possível manter essa velocidade durante 1.808 km de distância. Ou seja, isto não é só um número bonito em laboratório. Foi testado numa distância realista entre cidades, tipo Berlim-Nápoles ou Missouri-Montana.
Pode ser o futuro da Internet.
Porquê que isto interessa?
Simples. Acha 123TB muito? Para toda a biblioteca da Netflix? Não é. Com uma ligação mais rápida, vai ser possível fazer streaming de conteúdo com ainda mais qualidade. Ou seja, ter acesso a tudo de forma muito mais rápida, ao mesmo tempo que se sobe uns valentes degraus na escada da qualidade de imagem e de som.
Isto sem contar com o resto da Internet. Download de jogos gigantescos em segundos. Inteligência Artificial super ágil. Etc…
Além disso, as gigantes da IA, como a OpenAI ou a Google, precisam de mover petabytes de dados entre data centers espalhados pelo mundo. Esta tecnologia pode acelerar isso tudo.
Quando chega ao consumidor?
Boa pergunta. Mas é impossível de responder. Portugal até nem está nada mal servido em termos de infraestrutura.
Mas este tipo de avanços mostra que estamos a caminhar para uma internet muito mais rápida, principalmente nos bastidores.