A Renault tem feito algo muito bem, que é ir ao seu passado, de forma a ir buscar um bocadinho de magia para dar (mais) personalidade a alguns dos seus veículos mais importantes da nova era elétrica. Dois excelentes exemplos estão nos novos Renault 4 e Renault 5.
Dois carros 100% elétricos, que no fundo são completamente diferentes dos seus antepassados, mas… Que são de facto capazes de ir buscar magia e nostalgia.
A Renault sabe o que anda a fazer neste campo, e ainda bem que assim é, porque o mundo 100% elétrico, por vezes, consegue ser muito triste. Com carros todos eles muito parecidos, e na realidade, quase sempre sem grande “feeling” de condução.
O Renault 5 foi capaz de impressionar com irreverência, um design moderno mas inspirado no ícone que todos conhecemos, e na realidade, com boa condução. O Renault 4 tenta fazer o mesmo, com muito do pedigree do R5. Consegue? Mais ou menos! A condução não é a mesma porque é maior e mais pesado, mas a magia está lá.
Renault 4 – É um R5? Sim e não. É diferente e divertido! Além disso, é prático e com muito mais estilo do que parece
O nome é histórico, mas a receita é totalmente moderna.
O novo Renault 4 chega como um pequeno crossover elétrico, com inspiração clara no icónico modelo dos anos 60, mas adaptado a tudo aquilo que o mercado pede hoje. Na verdade, a Renault aproveitou muito daquilo que usou para dar vida ao Renault 5. A plataforma é a mesma, a tecnologia também, e de facto, até a motorização e a bateria.
Porém, o Renault 4 é mais comprido e espaçoso do que o Renault 5. Podemos até dizer que é um R5 para outras exigências. Para um pai de família, ou alguém que de facto precisa de levar mais que uma mochila na sua bagageira. Mas, tal e qual como o R5, tem um interior que mistura nostalgia com tecnologia atual, e é surpreendentemente agradável de conduzir.
Um design que não tenta ser cópia de ninguém! (e ainda bem)
A Renault pegou em vários elementos do R4 original, como os painéis das portas com relevo, as janelas traseiras inclinadas e a porta da bagageira vertical, e deu-lhes um toque contemporâneo. O resultado não é tão harmonioso como no R5, e de certos ângulos até lembra um Mini Countryman.
Mas é um carro simpático, diferente do mar de crossovers genéricos que enche os stands, e infelizmente as nossas estradas. Além disso, e talvez mais importante, tem detalhes que cativam com o tempo.
Interior: retro no aspeto, moderno na prática
Aqui a Renault brilhou.
Os bancos em tecido têm pinta, há pequenos pormenores espalhados pelo habitáculo que fazem sorrir, e o sistema multimédia é dos melhores do segmento, rápido e bem organizado. O que muito se deve ao uso do Google Automotive, como na sua restante gama.
Entretanto, atrás, dois adultos viajam confortáveis. Talvez três, se um deles for “pequenino”. A bagageira não é incrível, mas é profunda e aproveita bem o espaço disponível.
Ao volante: leve, rápido a reagir e… divertido
Não é tão divertido face ao Renault 5. Mas isso é normal. A motorização é a mesma, a bateria também, mas aqui temos um automóvel mais alto, e por isso menos aerodinâmico, e claro, mais desajeitado. O peso também é um pouco mais alto.
Mas, ainda assim, o peso controlado (menos de 1.500 kg) e a suspensão bem afinada fazem com que o Renault 4 se mexa com agilidade. A direção e os pedais são leves e precisos, o que dá aquela sensação de carro fácil de guiar, mas com personalidade. Além disso, a suspensão multilink atrás ajuda a manter o conforto em estradas irregulares, algo raro neste segmento.
O motor elétrico é alimentado por uma bateria de 52 kWh, com autonomia anunciada de 402 km (WLTP).
Dito isto, na vida real, pode contar com cerca de 350 km em condução mista, e uns 280 km se abusar da autoestrada. Não há versão com bateria maior, mas também poucos rivais oferecem isso a preços semelhantes.
Preço?
Em Portugal, começa nos 29.5 mil euros para a versão mais fraca (120cv). Um valor simpático para o carro que é. Mas, é muito provável que queira os 150cv, porque eu também os iria querer, aqui já olha para os 33 mil euros.
Veredicto
O novo Renault 4 não vive apenas de nostalgia. Tem um interior com qualidade e charme, tecnologia bem aplicada, um comportamento dinâmico equilibrado e é genuinamente divertido de conduzir.
Não é perfeito, mas é uma das propostas mais interessantes no segmento dos crossovers elétricos compactos.