A Apple está prestes a fazer aquilo que a Samsung tem conseguido evitar há mais de uma década: tirá-la do topo do ranking mundial de smartphones. Segundo a Counterpoint Research, em 2025 a Apple deverá enviar cerca de 243 milhões de iPhones, enquanto a Samsung ficará pelos 235 milhões. Resultado: 19,4% de quota para a Apple, 18,7% para a Samsung. Ou seja: nem campanhas gigantes, nem embaixadores de luxo, nem influencers nem unboxings de Galaxy parecem conseguir travar a maré. É o fim do reinado da Samsung.
iPhone 17: o “influencer” que realmente conta
A grande culpada desta viragem tem nome e apelido: série iPhone 17. O lançamento de setembro não foi apenas “mais um iPhone”, foi o gatilho perfeito para apanhar milhões de utilizadores numa fase crítica do ciclo de substituição.
De acordo com a Counterpoint, as vendas da família iPhone 17 (incluindo o iPhone Air) nas primeiras quatro semanas cresceram 12% nos EUA e 18% na China em comparação com o arranque do iPhone 16.
Há dois factores chave aqui:
Pessoas do “boom COVID” a trocar de telemóvel agora. Quem comprou smartphone em 2020–2021 está finalmente farto de bateria fraca e câmaras “meh”. A Counterpoint diz que o ciclo de substituição chegou ao ponto de viragem ideal para a Apple.
Menos pancada do que se esperava nas taxas e tarifas entre EUA e China, o que ajudou a manter preços e disponibilidade sob controlo, especialmente em mercados emergentes.
No meio disto tudo, a Apple faz aquilo que sabe melhor: empurra o ecossistema. Quem entra com um iPhone 17 acaba muitas vezes com AirPods, Apple Watch, iCloud extra… e esse “cinto de segurança digital” torna cada troca futura ainda mais provável de ficar na mesma marca.
Samsung apertada no meio: topo premium vs gama média chinesa
Do lado da Samsung, não estamos a falar de colapso, a marca ainda deverá crescer em 2025, mas a um ritmo bem mais lento: cerca de 4,6%, contra 10% de crescimento esperado para o iPhone.
O problema é o aperto em dois lados:
No topo, a Samsung continua forte com a gama Galaxy S25 e os dobráveis, mas é aqui que a Apple está a roubar mais quota. Ou seja, quem compra acima dos 1000€ está cada vez mais dividido entre “ir para iOS de vez” ou continuar em Android.
No meio e em baixo, marcas chinesas continuam a esmagar na relação preço/qualidade, tornando muito mais difícil à Samsung defender as gamas A e M em mercados sensíveis ao preço.
Resultado: mesmo com campanhas agressivas, telemóveis em mãos de criadores de conteúdo e lançamentos em grande palco, a matemática do mercado não perdoa se o segmento premium encosta mais à Apple e o segmento médio/baixo foge para a China, a linha da Samsung no gráfico fica inevitavelmente mais “baixa” do que gostaria.
Apple pode segurar o trono até 2029: final do reinado da Samsung?
A parte mais curiosa do relatório da Counterpoint não é apenas a ultrapassagem de 2025, mas sim o prolongamento da liderança: os analistas acreditam que a Apple pode manter o primeiro lugar até 2029.
Porquê? Há vários factores a empurrar:
358 milhões de iPhones em segunda mão vendidos entre 2023 e meados de 2025. Cada um deles é uma porta de entrada para o ecossistema e muitos destes utilizadores vão acabar por fazer upgrade para um iPhone novo nos próximos anos.
Linha mais alargada de preços. A Apple prepara um iPhone 17e mais acessível. Segundo as previsões, um iPhone dobrável já em 2026, o que lhe permite atacar segmentos onde antes só olhava de longe.
Grande revolução de design em 2027 e melhorias de IA em Siri e no próprio iOS. Isto deve servir de desculpa perfeita para mais um mega-ciclo de upgrades.
Tudo isto soma-se a uma tendência clara: quem entra no iOS tende a ficar. Compatibilidade entre dispositivos, apps compradas, fotos em iCloud, automação da casa, carro, relógio… não é só um telemóvel, é um “cadeado” confortável.
E aquela história dos “14 anos”?
O relatório fala em “primeira vez em 14 anos” que a Apple passa a Samsung em envios anuais.
Há, no entanto, outros dados (como os da IDC) que já deram a Apple como líder em 2023 e 2024. Isto dependendo da metodologia usada e de se se contam apenas smartphones ou todos os telemóveis.
Tradução: para o consumidor comum pouco interessa a “contabilidade criativa”. O sinal importante é outro, a balança está a pender para o lado da Apple e não parece voltar tão cedo.
O que isto significa para quem compra telemóveis em Portugal
Na prática, esta mudança traz algumas consequências muito reais para o dia a dia:
- Operadores podem ficar ainda mais agressivos nas campanhas com iPhone (financiamentos, renting, trocas de usados) para apanhar a onda.
- A Samsung terá de responder com preços mais agressivos, ofertas de lançamento, trade-ins generosos e parcerias locais para não deixar fugir quem ainda está indeciso entre iOS e Android.
A guerra nos gama média-alta pode aquecer e aí o consumidor ganha, com mais promoções, mais descontos de operadora e mais “brindes” na caixa.
No fim do dia, nem os influencers, nem os grandes palcos salvam uma marca se a combinação produto + preço + timing não estiver afinada. Em 2025, essa fórmula parece estar quase perfeita… mas do lado da Apple.
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