É um daqueles truques de cozinha que quase toda a gente já fez: fritar batatas, deixar o óleo arrefecer e guardá-lo para usar outra vez. Afinal, “o óleo está caro” e parece um desperdício deitar fora depois de apenas uma utilização. Mas e se eu te disser que este hábito tão comum pode estar a envenenar-te aos poucos? Sim, cada vez que acabas por reaproveitar óleo na frigideira, estás a dar espaço para a formação de compostos altamente tóxicos e a colocar em risco a tua saúde sem sequer te aperceberes.
O que acontece ao óleo quando o voltas a aquecer
O óleo de cozinha, quando aquecido a altas temperaturas, sofre transformações químicas. No primeiro uso, já há alguma degradação, mas quando decides aquecê-lo de novo, a situação complica-se:
Aumenta a oxidação – as moléculas de gordura entram em contacto com o oxigénio e formam radicais livres.
Formam-se aldeídos tóxicos – substâncias ligadas a inflamações, doenças cardiovasculares e até cancro.
Perde-se o ponto de fumo – o óleo começa a libertar fumo e partículas nocivas muito mais cedo.
Quanto mais vezes o óleo se reutiliza, maior a concentração destas substâncias perigosas. Ou seja: aquele óleo escuro e com cheiro estranho não é só desagradável, é literalmente um risco para a saúde.
Os riscos para a tua saúde ao reaproveitar óleo na frigideira
Os especialistas têm sido claros: o consumo regular de alimentos fritos em óleo reutilizado associa-se a vários problemas graves:
Doenças cardiovasculares – os radicais livres e aldeídos atacam as paredes das artérias.
Problemas no fígado – a sobrecarga tóxica afeta a forma como o corpo processa gorduras.
Cancro – alguns compostos resultantes da degradação do óleo consideram-se potencialmente cancerígenos.
Inflamações crónicas – responsáveis por doenças como diabetes tipo 2 e problemas digestivos.
Não é por acaso que muitos restaurantes e cadeias de fast food têm regras rígidas sobre a frequência com que o óleo deve ser trocado. O problema é que, em casa, quase ninguém segue essas regras.
A desculpa do “é só uma vez”
Talvez estejas a pensar: “Eu só reutilizo uma vez, não deve fazer mal.” Mas a verdade é que uma única reutilização já é suficiente para alterar a estrutura química do óleo.
E não é só uma questão de saúde a longo prazo. Assim a curto prazo, podes notar que a comida fica com sabor estranho, mais pesada e até mais difícil de digerir. Quantas vezes já não te sentiste “empanturrado” depois de comer batatas fritas feitas em óleo que já tinha sido usado? Pois bem, não era apenas gordura… eram toxinas invisíveis.
Exemplos reais
Em alguns países asiáticos, onde a fritura é constante e o óleo é reutilizado vezes sem conta, os estudos revelaram taxas mais elevadas de problemas cardiovasculares. E em 2022, um estudo europeu confirmou: pessoas que consumiam alimentos fritos em óleo reutilizado tinham 23% mais risco de desenvolver hipertensão arterial.
Não é mito. É ciência.
Como deves fazer
Não há volta a dar: o ideal é não reutilizar o óleo de fritar. Mas, se mesmo assim quiseres aproveitar uma vez, há algumas regras básicas:
Nunca uses óleo que já fumegou – isso significa que já passou do ponto de fumo e está cheio de toxinas.
Filtra antes de guardar – restos de comida aceleram a decomposição do óleo.
Guarda num recipiente fechado e ao abrigo da luz – para reduzir a oxidação.
Limita a uma reutilização – nunca mais do que isso.
E lembra-te: mesmo com estes cuidados, o risco nunca desaparece totalmente.
Alternativas mais seguras
Entretanto se fritar faz parte da tua rotina, podes:
- Usar air fryer – reduz drasticamente a necessidade de óleo.
- Apostar em óleos com ponto de fumo mais alto (como óleo de amendoim ou abacate).
- Variar os métodos de confeção: grelhar, assar ou cozinhar no forno podem ser opções mais saborosas e seguras.
O óleo reutilizado pode parecer uma poupança, mas é um daqueles casos em que o barato sai caro. Cada vez que voltas a aquecê-lo, estás a multiplicar substâncias tóxicas que se acumulam no teu organismo e te prejudicam sem dares conta.