Preço sob consulta: o truque irritante dos anúncios imobiliários! Para quê?

Na tua zona, metade dos anúncios de casas e apartamentos aparecem com aquele enigmático “Preço: sob consulta”. Serve para intrigar? Para fingir exclusividade? Para esconder que o imóvel está inflacionado? Spoiler: serve para tudo isso, mas pior e nem sempre é só inocente marketing.

Preço sob consulta: o que quer dizer na prática?

“Sob consulta” significa, na prática, que o anunciante (proprietário ou agência) não revela o preço publicamente. As razões mais comuns:

Experimentar o mercado: ver quem telefonas e a que preço aceitam negociar.

Negociação personalizada: o agente tenta perceber o perfil do comprador antes de revelar o preço.

Esconder um preço alto: evitar filtros de portais que excluem imóveis muito caros.

Exclusividade / oferta apenas a contactos: criar sensação de “mercado por convite” para gerar leads.

Falta de decisão do vendedor: o proprietário ainda não definiu preço.

(Estas práticas são reconhecidas no mercado e documentadas em artigos e guias do setor).

Este erro custa a tua casa: as cláusulas escondidas nos contratos de arrendamento

É legal esconder o preço?

Curto e claro: não existe uma regra única que obrigue a publicar sempre o preço de um imóvel, mas há regras de transparência e publicidade aplicáveis ao setor imobiliário e as entidades reguladoras e portais tipicamente exigem informação mínima (ex.: tipologia, área, licença, número de registo da mediação). Entretanto as plataformas e associações imobiliárias também desaconselham “sob consulta” porque prejudica visibilidade e confiança como refere o site vidaimobiliária.

Importante: regras gerais de afixação de preços aplicam-se a produtos comerciais e a publicidade deve ser verdadeira e não enganosa. Assim se um anúncio for deliberadamente enganador (ex.: publica “sob consulta” para ocultar que o preço é muito superior ao valor de mercado), podes ter fundamentos para reclamar às autoridades competentes como refere a ASAE.

Por que é mau para o comprador (e para o mercado)

Perde-se transparência: não sabes se o imóvel está bem ou sobrevalorizado.

Perdes tempo: telefonas/visitas para imóveis fora do teu orçamento.

Distorce o mercado: dificulta comparações e cria bolhas locais (só quem “tem network” fica a saber preços reais).

Filtragem automática: muitos portais não indexam corretamente esses anúncios em alertas por preço, reduzindo alcance.

Como descobrir o preço (guia prático, passo a passo)

Entretanto pede sempre o preço por escrito: mensagem ou e-mail com pedido directo: “Qual o preço pedido?” Assim se o agente recusar, há falta de transparência.

Por outro lado, compara anúncios similares em portais (idealista, OLX, Imovirtual) para construir uma faixa de preço. Isso dá-te argumentos.

Pergunta pela certificação e licença do mediador: as agências credíveis têm nº de registo e publicam áreas/ tipologia. Se não tiverem, cuidado.

Exige justificações técnicas (estado do imóvel, obras necessárias) se o preço “só por consulta” for por obras incertas, pede orçamentos.

Consulta transações reais: escrituras são públicas; sites e portais de estatística ou serviços do Estado mostram valores médios por zona (procura por preços efectivos vendidos).

Regista a conversa: grava chamadas (avisa que estás a gravar), guarda e-mails. Torna-se útil se precisares de reclamar.

Se for arrendamento, pede também o contrato e a identificação do senhorio; “sob consulta” também é usado para testar retenções de renda.

Posso reclamar? A quem recorrer

Entretanto se o anúncio for enganador (informação falsa ou prática comercial desleal), podes apresentar uma reclamação às autoridades de consumo competentes. Assim para práticas comerciais e publicidade enganosa existe legislação e fiscalização por parte de entidades competentes.

Em Portugal, além de canais de consumo (ex.: DECO), podes denunciar práticas comerciais desleais às autoridades competentes ou ao próprio portal onde o anúncio foi publicado. Portais de prestígio normalmente retiram anúncios que violem regras.
ASAE

Dicas rápidas para quem está a procurar casa

“Obrigado qual é o preço pedido, por favor? Peço que envie por escrito.”

Se receberes evasivas: “Sem preço não marco visita. Obrigado.”

Usa filtros de portais e configura alertas por faixa de preço. Assim limitas o ruído.

Quando visitares, pede comparáveis (outros anúncios vendidos na zona) e avalia argumentos do agente.

Precisamos dos nossos leitores. Segue a Leak no Google Notícias e no MSN Portugal. Temos uma nova comunidade no WhatsApp à tua espera. Podes também receber as notícias do teu e-mail. Carrega aqui para te registares É grátis!

Ana Oliveira
Ana Oliveirahttp://leak
Descobriu a paixão pela tecnologia entre aulas de engenharia e fóruns de gadgets, onde passava horas a debater especificações e novidades. Gosta de explicar tecnologia de forma simples, direta e prática como se estivesse a falar com amigos. É fascinada por tudo o que envolva inovação, privacidade digital e o futuro dos smartphones. Quando não está a escrever, está a testar apps, a trocar de launcher ou a explorar menus escondidos no Android.

Em destaque