Preço dos combustíveis não desce quando o petróleo cai?

É uma pergunta que todos já fizemos… Como é possível o barril de petróleo cair, por vezes muito, e o preço dos combustíveis mal mexer? Parece um daqueles mistérios que só favorecem quem vende.

Mas há explicações, e, claro, alguma ganância à mistura..

O preço do barril é só uma parte da história?

gastar menos combustível carro

Muita gente pensa que o preço do combustível depende diretamente do valor do barril de petróleo. Mas a verdade é que o petróleo bruto representa apenas 30% a 40% do preço final.

O resto vem de custos de refinação, transporte, margens comerciais e impostos.

Ah, e em Portugal não estamos a falar de impostos pequenos. Mais de metade do que pagas por litro vai diretamente para o Estado entre ISP, taxa de carbono e IVA.

Além disso, parte dessas taxas são fixas por litro, o que significa que mesmo que o petróleo baixe, o preço na bomba pouco se altera.

O câmbio e os contratos também contam.

Outro fator é o câmbio euro/dólar.

euro digital? alternativa que se prepara para ser imposta!

O petróleo é comprado em dólares, e se o euro desvalorizar (como aconteceu várias vezes nos últimos anos), o preço efetivo para a Europa aumenta. Ou seja, o barril pode estar mais barato em dólares, mas mais caro para nós em euros.

Depois há os contratos de futuros, que são acordos de compra com meses de antecedência. Ou seja, na grande maioria das vezes, petrolíferas não compram ao preço “do dia”. Já têm barris pagos a preços anteriores, o que atrasa o reflexo das descidas (mas curiosamente nunca atrasa as subidas).

O refino e a procura fazem o resto.

Mesmo quando o petróleo está barato, o combustível refinado (gasolina, gasóleo, etc.) tem o seu próprio mercado internacional. Se a procura de gasolina aumentar e as refinarias não acompanharem, os preços disparam. Isto mesmo que o petróleo esteja em baixo.

Além disso, o custo de energia, transporte e armazenamento pesa na equação. E em Portugal, onde o mercado é dominado por poucas empresas, a concorrência real é reduzida, o que também se acaba por notar nos preços.

A margem que nunca encolhe… Ou seja, a ganância.

As gasolineiras queixam-se frequentemente dos impostos, mas nenhuma vai à falência.

Aliás, as margens de lucro têm crescido nos últimos anos, e há estudos que mostram lucros recorde mesmo em períodos de crise energética.

A verdade é simples, e é também irritante para nós consumidores. Quando o preço do petróleo sobe, o combustível sobe logo no dia seguinte. Entretanto, quando o petróleo desce, a descida demora… Isto se chegar a acontecer.

Conclusão

O preço do barril é apenas um dos ingredientes. Depois vêm os impostos, o câmbio, os contratos, os custos fixos e as margens. No fim, quem perde é sempre o mesmo: o consumidor que paga como se o petróleo estivesse caro, mesmo quando não está.

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Nuno Miguel Oliveira
Nuno Miguel Oliveirahttps://www.facebook.com/theGeekDomz/
Desde muito novo que me interessei por computadores e tecnologia no geral, fui sempre aquele membro da família que servia como técnico ou reparador de tudo e alguma coisa (de borla). Agora tenho acesso a tudo o que é novo e incrível neste mundo 'tech'. Valeu a pena!

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