Quem anda à procura de um portátil novo já reparou nisto, especialmente agora que os preços parecem estar prestes a aumentar de uma forma absurda. Ou seja, basta atravessar a fronteira (ou abrir a Amazon ES ou PCComponentes), para perceber que os preços começam logo a parecer mais simpáticos do que em Portugal.
Às vezes são 50€, outras vezes 100€, e nalguns modelos mais caros a diferença é ainda mais significativa. A pergunta aparece sempre a seguir. Vale a pena? Ou o teclado espanhol estraga tudo?
Porque é que os portáteis custam menos em Espanha?



Não é imaginação. Em muitos casos, os portáteis são mesmo mais baratos em Espanha. E há várias razões para isso.
O mercado espanhol é maior, vende mais unidades e tem mais concorrência direta entre retalhistas. Além disso, muitas marcas ajustam preços por volume, e Portugal acaba quase sempre por ficar no fim da fila. O IVA também tem impacto, bem como a lei da cópia privada. Mas a diferença vai bem além dos impostos. O problema está mesmo na escala do mercado.
Resultado? Em Espanha aparecem promoções mais cedo, mais agressivas e com mais stock.
Até na Apple isto é verdade, onde um MacBook pode muitas vezes ser 100€ mais barato, ou até mais que isso, se quiseres olhar para os recondicionados (onde também existe mais oferta).
O verdadeiro “problema”: o teclado espanhol?
Aqui está o ponto que assusta muita gente. O teclado não igual. Ou seja, vem com o formato espanhol, em vez do formato PT-PT.

Mas convém esclarecer uma coisa desde já. O teclado espanhol não é assim tão diferente do português. A maior diferença está na posição de alguns símbolos e na presença do “ñ” em vez do “ç”.
As letras principais estão todas lá. O layout base é o mesmo. Não vais deixar de conseguir escrever em português por causa disso.
O “ñ” passa a escrever “ç”. Alguns símbolos mudam de sítio. No início, vais olhar para o teclado duas ou três vezes. Depois disso, habituas-te.
Aliás, se és como e escreves sem olhar para o teclado, é exatamente a mesma coisa.
Dá para usar um teclado espanhol em português?
Sim. Sem qualquer drama.
No Windows, basta definires o idioma e layout de teclado para português. No macOS é igual. A partir daí, quando carregas numa tecla, o sistema escreve como se fosse um teclado PT. O que muda é o que está impresso nas teclas.
Há quem arranje capas ou autocolantes para o teclado, para o layout PT. Mas… Não há necessidade disso.
Garantia, suporte e dores de cabeça
Este é um ponto importante e muitas vezes ignorado.
Na maioria das marcas grandes, a garantia é europeia. Compras em Espanha, mas és atendido em Portugal. Ainda assim, convém confirmar caso a caso.
Em lojas como Amazon ES, o processo é simples e normalmente mais tranquilo do que em lojas físicas. Na PCComponentes também é muito simples. Mas, em outras cadeias espanholas, pode ser mais chato em caso de devolução ou assistência.
Aqui, o conselho é simples. Se a poupança for pequena, talvez não compense o risco. Se forem 200€ ou 300€, a conversa muda.
Então… vale a pena ou não?
Eu acho que sim, mas, se dás valor à garantia, apenas nas lojas mencionadas em cima, que andam a apostar forte em Portugal.
No fundo, depende de quem és e de como usas o portátil.
Se escreves muito, se olhas constantemente para o teclado e se a diferença de preço for curta, talvez prefiras comprar em Portugal e evitar adaptações.
Mas se já escreves quase sem olhar, se usas atalhos, se queres o máximo de hardware pelo mínimo preço, comprar em Espanha faz cada vez mais sentido.
O teclado não é o problema gigante que muita gente imagina. O verdadeiro problema é pagar mais só porque sim.

