Toca o telefone, número desconhecido, atendes, silêncio… e a chamada cai. Acontece-te várias vezes por semana? Não é azar, não é engano e, na maioria dos casos, também não é burla direta. É “apenas” a forma como muitos call centers modernos funcionam e como tal ligam e ninguém fala.
Ligam… e ninguém fala: é um sistema a trabalhar no limite
Muitos call centers usam marcadores automáticos: em vez de um operador ligar pessoa a pessoa, um sistema faz dezenas de chamadas em simultâneo e tenta juntar quem atende a um operador que esteja livre.
Quando há gente suficiente do lado deles, tu atendes e, ao fim de um segundo, aparece alguém a tentar vender-te qualquer coisa. Quando não há operadores disponíveis, ficas tu com o “resto”: atendes, ouves silêncio e o sistema desliga-te na cara.
Isto não é falha técnica. É a consequência de apertarem o sistema para fazer o máximo de chamadas possível.
Se ninguém fala contigo… eles falam entre si sobre ti
Mesmo quando ninguém diz uma palavra na chamada, o sistema já fez o “trabalho” que queria: registou que o teu número é real, está ativo e… atende números desconhecidos.
Na prática, ficas marcado como contacto “receptivo”. Ou seja, és um alvo interessante para futuras campanhas de vendas, sondagens, cartões, seguros, energia, o que estiver na moda nesse mês.
A chamada muda para ti é um desperdício de tempo. Para eles é um dado precioso numa base de dados.
E as burlas, onde entram?
Nem todas as chamadas em silêncio vêm de call centers “a sério”. Há também esquemas que ligam apenas para:
- testar se o número existe;
- perceber em que horários normalmente atendes;
- tentar que tu devolvas a chamada para números de valor acrescentado.
- Ou seja, o mesmo tipo de lógica: testar, registar, catalogar.
O que podes fazer?
O básico: não devolvas chamadas a números estranhos só porque desligaram sem falar. Se fosse urgente, insistiam ou deixavam mensagem.
Entretanto se o mesmo número te liga várias vezes com silêncio do outro lado, bloqueia-o no telemóvel. E, sempre que puderes, retira autorizações de marketing em bancos, lojas e serviços. Assim quanto menos “sim” tiveres dado, menos listas te vão incluir.
Da próxima vez que atenderes e ninguém falar, lembra-te: não é “coisa da tua cabeça”. Assim trata-se de um sistema a trabalhar em modo máquina de guerra, a disparar chamadas para quem calha. E tu, do outro lado, és só mais uma linha num ficheiro de Excel à espera da próxima campanha.
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