Há séries boas. Há séries muito boas. E depois, além dessas, há ainda aquelas séries raras que conseguem ser excelentes logo à primeira temporada e, claro, que nos deixam com água na boca para o que vem a seguir. O problema é… Nos tempos que correm, entre a primeira temporada e a segunda temporada, já te casaste e fizeste 2 ou 3 filhos.
Pluribus, da mente de Vince Gilligan, o responsável por Breaking Bad e Better Call Saul, é exatamente isso. Uma série diferente, em que nunca sabes muito bem o que vai acontecer a seguir. Nada é óbvio, e tudo pode mudar de um momento para o outro. É estranha, é diferente, e isso é absolutamente incrível.
- Nota: Só para teres noção, se ainda não viste a série, Pluribus acaba com a protagonista a aparecer em sua casa com uma bomba atómica. Só porque pode.
Aliás, não foi por acaso que a nova série de ficção científica da Apple TV+ tornou-se rapidamente no maior sucesso da plataforma, conquistou um impressionante 98% no Rotten Tomatoes, e foi amplamente elogiada pela crítica e pelo público.
Mas, apesar disso tudo, há um problema sério a pairar no ar. E curiosamente, quem o apontou foi Stephen King.
Stephen King diz o que muitos pensam… mas poucos dizem!

O escritor não escondeu a sua preocupação com o futuro de Pluribus, depois de saber que Vince Gilligan não tem qualquer pressa em avançar com a segunda temporada.
Claro que, do ponto de vista criativo, percebe-se. Gilligan nunca foi fã de correr contra o relógio. Prefere escrever com calma, planear bem os arcos narrativos e garantir qualidade máxima.
Funcionou lindamente em Breaking Bad e Better Call Saul. Mas o contexto hoje é outro.
Ou seja, vivemos numa era em que séries desaparecem da memória coletiva. Quando a segunda temporada começa, já ninguém sabe o que aconteceu na primeira. Isto porque uma produção pede aos espectadores que esperem dois, três ou até quatro anos por uma nova temporada… Por isso, muitos simplesmente não voltam.
Basta olhar para Stranger Things. Começou com crianças com menos de 10 anos, e agora são adultos de pleno direito. É estranho, e antes não funcionava assim. Uma temporada acontecia num ano, e no outro já havia outra.
Pluribus é um slow burn. E isso é um risco real
A primeira temporada de Pluribus é deliberadamente contida. A história avança devagar, levanta mais perguntas do que respostas e aposta numa construção gradual do mundo e das personagens.
Isso não é um defeito. Pelo contrário. É parte do charme da série.
O problema é que, no final da temporada, o espectador ainda sente que só viu a superfície. Há pouco payoff imediato. O grande impacto narrativo está claramente reservado para mais tarde.
Pluribus quer 4 temporadas
No caso de Pluribus, esse risco é ainda maior porque a série foi pensada como uma história longa, supostamente com quatro temporadas. Ou seja, estamos a falar de um compromisso de vários anos. Se cada temporada demorar dois ou três anos a chegar, estamos a falar de mais de uma década para ver tudo. A matemática não joga a favor da série.
Aliás, Stephen King não está a pedir pressa irresponsável. Está a dizer que se calhar já nem sequer vai estar vivo para ver a última temporada.
A Apple TV+ também tem aqui um problema para resolver
Para a Apple, Pluribus é ouro. É uma série de prestígio, com nome forte por trás, críticas excelentes e potencial para se tornar um dos grandes símbolos da plataforma.
Mas isso só acontece se o público lá ficar.
Qualidade é essencial. Mas timing também é
Ninguém quer uma segunda temporada apressada, mal escrita ou que comprometa a visão de Vince Gilligan. Mas também não se pode ignorar a realidade atual do streaming.
O equilíbrio entre qualidade e ritmo nunca foi tão importante.

