Quando pensamos em piscinas públicas, a primeira preocupação que vem à mente é, quase sempre, o excesso de cloro e não pensamos em qualquer outro perigo. No entanto, existe um risco menos falado e muito mais preocupante que pode afetar diretamente a tua saúde: a presença de micro-organismos e agentes patogénicos que nem o cloro consegue eliminar por completo.
A ilusão da “água limpa”
Aquela água cristalina que parece convidativa pode dar uma falsa sensação de segurança. Apesar do cloro ser um desinfetante eficaz contra muitas bactérias e vírus, não é infalível. Alguns agentes, como o Cryptosporidium e certas estirpes de E. coli, conseguem sobreviver durante horas, ou até dias, mesmo em água tratada.
Estes micro-organismos podem provocar problemas gastrointestinais severos, com sintomas como diarreia, vómitos e febre, e são particularmente perigosos para crianças, idosos e pessoas com sistema imunitário comprometido.
Como estes agentes chegam à água
Grande parte da contaminação nas piscinas vem dos próprios utilizadores. Pequenas partículas de fezes, suor, urina, restos de cosméticos e até saliva acabam por se misturar na água. Basta uma única pessoa com uma infeção gastrointestinal entrar na piscina para libertar milhões de micro-organismos resistentes.
Além disso, a temperatura da água nas piscinas geralmente mais quente do que rios ou mares cria um ambiente ideal para a proliferação de certos agentes patogénicos.
Sintomas e complicações possíveis
Quem entra em contacto com água contaminada pode desenvolver sintomas poucas horas ou dias depois. Os mais comuns incluem:
- Cólicas abdominais
- Náuseas e vómitos
- Febre baixa
- Fadiga extrema
Nos casos mais graves, especialmente em crianças pequenas e pessoas vulneráveis, pode haver desidratação severa, necessidade de internamento e complicações prolongadas.
O risco extra dos balneários e áreas adjacentes
O perigo não está apenas dentro da piscina. Chuveiros, balneários e zonas de circulação molhadas são locais propícios para fungos como o Trichophyton, responsável por micoses e pé de atleta. Estes espaços também podem albergar bactérias como a Pseudomonas aeruginosa, que provoca infeções cutâneas e auriculares.
Como reduzir o perigo nas piscinas públicas
Embora não possas controlar totalmente a qualidade da água, há várias medidas que podes adotar para te proteger:
Toma sempre duche antes e depois de entrar na piscina. Isto ajuda a remover resíduos e reduz a contaminação.
Evita engolir água: Assim é a forma mais direta de ingestão de agentes patogénicos.
Não entres na piscina se estiveres doente especialmente em casos de diarreia.
Utiliza chinelos nas áreas molhadas. Previne contacto direto com fungos e bactérias.
Presta atenção a sinais de alerta. Deste modo se a água estiver turva, com mau cheiro ou com espuma persistente, pode ser um indício de má manutenção.
E as piscinas privadas?
Muitos pensam que piscinas privadas estão livres destes riscos, mas isso é um mito. A diferença é que a contaminação vem de um número menor de pessoas, mas os agentes podem proliferar rapidamente se a manutenção não for adequada. A monitorização regular do pH, a reposição de cloro e a limpeza de filtros são essenciais.
Porque é que o cloro não resolve tudo
O cloro é eficiente, mas a sua ação depende de fatores como a temperatura da água, o pH e a quantidade de matéria orgânica presente. Quanto mais poluída estiver a água, mais cloro é necessário e mesmo assim, alguns agentes, como o já referido Cryptosporidium, permanecem ativos durante dias.
O que fazer se apresentares sintomas
Se, após um dia de piscina, começares a sentir sintomas gastrointestinais ou cutâneos, não ignores. Procura assistência médica, especialmente se houver febre, diarreia persistente ou sinais de desidratação. Em casos de infeção por agentes resistentes ao cloro, pode ser necessário um tratamento mais prolongado.
As piscinas públicas podem ser uma excelente opção de lazer, mas não são livres de riscos. A prevenção começa com hábitos individuais simples, que, quando adotados por todos, reduzem drasticamente a probabilidade de surtos e infeções. Da próxima vez que mergulhares, lembra-te: água limpa nem sempre significa água segura.
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