Terça-feira, Agosto 12, 2025

Perder o sabor doce: está a acontecer e há explicações assustadoras!

Ontem num jantar aqui em casa com um casal amigo a conversa virou para algo que nunca pensei que fosse “tendência”. E não, não era moda nem política. Uma amiga disse: “Estou a comer este gelado e o chocolate já não sabe a nada? E o café… é como se não tivesse açúcar.  Olhei para ela e sorri, mas confesso que fiquei arrepiado. Isto porque… sofro exatamente do mesmo problema desde há umas semanas e pensava ser quase um caso isolado. Mas a verdade é que já tinha ouvido duas pessoas a falarem disto. E, curiosamente, ambas juravam que nunca tinham sentido isto antes. Depois de procurar na Internet percebi que cada vez mais pessoas estão a perder o sabor doce e, muitas vezes, a ganhar um leve sabor amargo no lugar. Mas porquê?

Perder o sabor doce: está a acontecer e é assustador!

O sabor não é apenas uma questão de “papilas gustativas”. Embora elas sejam protagonistas. Na língua, temos diferentes tipos de recetores especializados em identificar cinco sabores básicos: doce, salgado, amargo, ácido e umami. Quando provamos algo, esses recetores enviam sinais elétricos através de nervos específicos para o cérebro, que interpreta e combina a informação com o olfato, textura e até temperatura do alimento.

O problema é que basta um pequeno “ruído” nesse sistema para que o doce desapareça ou seja substituído por outra perceção. E isso pode acontecer em várias fases desse processo desde a língua, passando pelos nervos, até chegar ao cérebro.

Principais causas para a perda seletiva do sabor doce

1. Infeções virais e bacterianas

Desde a pandemia, ficou claro que a COVID-19 pode afetar temporariamente o olfato e o paladar. Mas esta não é a única responsável. Outras infeções, como gripes, constipações, sinusites ou mesmo infeções na boca, podem inflamar as vias gustativas e reduzir a capacidade de sentir certos sabores. O doce, por razões ainda não totalmente compreendidas, é particularmente sensível a este tipo de alterações.

2. Défice de minerais e vitaminas

O zinco é um dos minerais mais importantes para o bom funcionamento das papilas gustativas. Quando está em falta, a regeneração celular na língua é mais lenta, e o resultado pode ser perda parcial de sabor principalmente do doce. O mesmo pode acontecer com défices de vitamina B12 ou ferro, que afetam diretamente a saúde neurológica e, por consequência, o paladar.

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3. Efeitos secundários de medicamentos

Alguns fármacos têm o paladar na sua “lista de efeitos colaterais”. Entre eles estão determinados antibióticos, medicamentos para a tensão arterial (como alguns inibidores da ECA), tratamentos para o cancro e imunossupressores. Estes fármacos podem alterar a composição da saliva ou a forma como os recetores de sabor funcionam, criando desde perda de doce até um amargo persistente na boca.

4. Alterações hormonais

Mudanças hormonais como as que ocorrem durante a gravidez, menopausa ou problemas de tiroide também podem influenciar a perceção do sabor. Em alguns casos, o corpo reage de forma temporária, alterando a sensibilidade para determinados sabores.

5. Alterações neurológicas

De forma menos frequente, problemas nos nervos que transmitem informação gustativa, como o glossofaríngeo ou o nervo facial, podem levar a distorções no paladar. Isto pode ser causado por lesões, inflamações ou até compressões nervosas.

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O sabor amargo que “fica para trás”

Um detalhe curioso é que muitas pessoas que perdem o sabor doce passam a notar um aumento da perceção do amargo. Isso acontece porque os recetores de amargo tendem a ser mais resistentes e continuam a funcionar mesmo quando outros estão comprometidos.
Assim, o contraste entre a ausência de doce e a presença forte do amargo cria a sensação de que tudo tem “um travo estranho”, mesmo alimentos que normalmente associamos a prazer, como chocolate ou fruta madura.

É grave? Nem sempre… mas merece atenção

Na maioria das situações, esta alteração é temporária e resolve-se por si só ao fim de alguns dias ou semanas, especialmente quando causada por uma infeção ou medicamento temporário.

No entanto, se a perda do sabor doce durar mais de um mês, se agravar ou vier acompanhada de sintomas como perda de peso, dificuldade em engolir, dor na boca ou língua, é importante consultar um médico.

O que podes fazer para recuperar o paladar

Manter uma boa higiene oral

Escovar bem os dentes e a língua, usar fio dentário e enxaguante sem álcool ajuda a remover resíduos que podem influenciar o sabor.

Rever medicamentos

Se começou após o início de um tratamento, fala com o médico para avaliar alternativas.

Garantir uma alimentação rica em zinco e vitaminas

Ostras, carne magra, leguminosas e frutos secos são boas fontes.

Hidratar-se bem

A boca seca pode agravar alterações no paladar, por isso beber água regularmente é essencial.

Evitar tabaco e excesso de álcool

Ambos afetam diretamente a perceção dos sabores e a regeneração das papilas.

Perder o sabor doce e sentir um amargo persistente não é apenas um incómodo é um sinal de que algo está a alterar a forma como o teu corpo processa o paladar. Embora, na maioria das vezes, seja temporário e reversível, vale a pena prestar atenção ao momento em que começou e a possíveis causas associadas. O doce pode desaparecer… mas, com os cuidados certos e, se necessário, ajuda médica, é possível voltar a saboreá-lo como antes.

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Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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