Nos últimos anos, o comércio eletrónico cresceu de forma explosiva em Portugal. Comprar online já faz parte da rotina de milhares de pessoas, mas a experiência de entrega continua a ser um dos pontos mais frágeis deste processo. Entre as várias transportadoras, há uma que tem ganho especial notoriedade pela negativa: a Paack.
Paack: a transportadora que está a dar mau nome à Amazon
Basta dar um salto ao Portal da Queixa para perceber a dimensão do problema. Centenas de consumidores relatam situações semelhantes: encomendas que nunca chegam, falsos registos de “entrega feita”, motoristas que alegam ter tocado à campainha sem nunca o fazer, e prazos que simplesmente não são cumpridos.
Afinal, quem é a Paack?
A Paack é uma empresa de logística fundada em Barcelona, com presença em vários países europeus, incluindo Portugal. O modelo de negócio é simples: oferecer entregas rápidas, programadas e com horários flexíveis algo que, no papel, parece a solução ideal para os clientes.

No entanto, o segredo por trás da operação está no uso massivo de subcontratação. Muitos dos motoristas que aparecem à porta dos consumidores não são funcionários diretos da Paack, mas trabalham através de empresas parceiras ou como independentes.
Isto significa que a qualidade do serviço varia muito:
- Motoristas mal pagos ou em regime precário, sem motivação.
- Alta rotação de pessoal, o que gera falta de experiência e cuidado.
- Ausência de formação consistente sobre atendimento e cumprimento de rotas.
O resultado? Cada entrega acaba por ser uma “loteria” — pode correr bem, mas a probabilidade de correr mal é elevada.
As queixas mais frequentes
Entre as principais reclamações feitas pelos consumidores portugueses, destacam-se:
Avisos falsos de ausência: o cliente está em casa, mas recebe notificação de que “não estava ninguém para receber a encomenda”.
Atrasos sucessivos: datas de entrega que são reagendadas uma e outra vez sem qualquer explicação clara.
Falta de pontos alternativos: ao contrário de outras transportadoras, a Paack nem sempre deixa as encomendas num ponto de recolha próximo, obrigando o cliente a lidar com processos complexos para reagendar.
Mau atendimento: relatos de motoristas mal-educados ou até mesmo agressivos quando confrontados com falhas na entrega.
O impacto no consumidor
Para muitos, o problema não é apenas o incómodo. Há casos em que as falhas da Paack tiveram consequências graves:
- Medicamentos ou produtos de saúde que não chegaram a tempo.
- Equipamentos de trabalho que ficaram retidos em armazéns
- Encomendas caras perdidas ou danificadas sem uma resposta eficaz da empresa.
Isto mina a confiança dos consumidores não só na Paack, mas também nas próprias lojas online que recorrem a este operador.

O que podes fazer se fores afetado
Se tiveres problemas com a Paack, há alguns passos importantes:
Guarda sempre provas: emails, SMS, capturas de ecrã da aplicação e até testemunhas de que estavas em casa.
Contacta de imediato a loja online: a responsabilidade legal é sempre da loja que vendeu o produto, não apenas da transportadora.
Regista queixa na Paack: mesmo que a resposta seja lenta, fica documentado.
Usa plataformas como o Portal da Queixa ou Deco Proteste: aumenta a pressão pública.
Em casos graves, envolve a ASAE: especialmente quando está em causa bens essenciais ou saúde.
A Paack nasceu com a promessa de revolucionar o setor das entregas rápidas, mas em Portugal a realidade está muito distante da propaganda. A subcontratação em massa e a falta de rigor no serviço têm transformado a empresa num verdadeiro pesadelo para milhares de consumidores.
Enquanto não houver uma mudança estrutural, o conselho é simples: se a loja online que escolheste usa a Paack como transportadora, prepara-te para possíveis dores de cabeça.
