Os supermercados estão a esticar a corda?

Há coisas que uma pessoa aceita com mais ou menos resignação. A vida mais cara, a inflação, os preços a subir devagarinho. Mas, o que começa a ser difícil de engolir é a sensação constante de que nos estão a tentar enganar.

O exemplo mais recente é simples e diz muito sobre o estado atual dos supermercados em Portugal.

A promoção que não é promoção!

Imagem partilhada no Reddit. Aqui.

O azeite é um exemplo muito interessante, porque é um daqueles produtos quase essencial que tem vindo a subir só porque sim.

Dito isto, azeite Oliveira da Serra virgem extra clássico, 750 ml. No Auchan aparece a 5.79 euros, com um selo bem vistoso a anunciar 47% de desconto. Segundo a etiqueta, o preço “normal” seria 10.99 euros. Tudo muito bonito, tudo muito chamativo.

O problema é que o mesmo azeite, exatamente o mesmo produto, apareceu num supermercado bem mais pequeno, o Belita, também em promoção, por 3.59 euros. Sem truques, e sem percentagens gigantes.

Ou seja, mesmo em “promoção”, o azeite ficou cerca de 61% mais caro, apesar de afirmar ter um desconto de 47%. A questão agora é… Onde está o desconto?

Isto não é só no azeite, e o truque já é conhecido!

Isto não é um caso isolado, nem um acidente. É pura e simplesmente um modelo de negócio.

Preços de prateleira absurdos para depois surgirem campanhas com descontos gigantes que, na prática, colocam o produto ao preço que deveria ter desde o início. Ou, em muitos casos, acima disso.

É a mesma coisa que acontece na Black Friday, em que se fala de descontos enormes, mas se formos ver nos comparativos, é o mesmo desconto de sempre.

Mas faz-se… Porque continua a resultar.

Infelizmente, muita gente não compra preço, compra desconto. Vê 40% ou 50% em letras grandes e assume automaticamente que está a fazer um bom negócio. Os supermercados sabem isto melhor do que ninguém.

É por isso que vemos vinhos com 60% ou 65% de desconto a serem vendidos ao preço normal. Produtos de higiene a valores completamente fora da realidade nas grandes superfícies, enquanto outras lojas vendem o mesmo muito mais barato. Agora até o azeite entra neste jogo.

O consumidor já não anda a dormir

Com a vida cada vez mais complicada, as pessoas contam euros. Comparam preços. Tiram fotos. Partilham nas redes sociais. Quando vais ao supermercado e sais de lá com menos sacos e uma fatura maior, nem sempre é só inflação.

Muitas vezes é margem a ser esticada até onde der.

Quando a confiança desaparece, os hábitos mudam

Tal como na restauração, há um limite para esticar a corda. O consumidor português pode não ter muito dinheiro, mas não é burro. Por isso, quando sente que está a ser tratado como tal, muda de hábitos. Vai a lojas mais pequenas, procura alternativas ou simplesmente corta.

Ande atento, porque vai valer a pena no fim do mês.

Nuno Miguel Oliveira
Nuno Miguel Oliveirahttps://www.facebook.com/theGeekDomz/
Desde muito novo que me interessei por computadores e tecnologia no geral, fui sempre aquele membro da família que servia como técnico ou reparador de tudo e alguma coisa (de borla). Agora tenho acesso a tudo o que é novo e incrível neste mundo 'tech'. Valeu a pena!

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