A Leak é blog focado em tecnologia, ciência, e por vezes até saúde. Não é comum entrar na política. Mas, se há coisa que é sempre importante, é ter noção do nosso impacto na sociedade em que vivemos.
Assim, tendo em conta que o feriado de 25 de Abril não foi assim há tanto tempo, e nunca esquecendo do seu significado para o nosso dia-a-dia, talvez faça algum sentido questionar qual é o valor do nosso voto, um direito adquirido, em que foi preciso lutar a sério para o ter do nosso lado.
O teu voto não conta? Não estás sozinho e isto tem de acabar.
Portanto, caso não saiba, nem todos os votos contam exatamente o mesmo. Aliás, mais de 1.2 milhões de votos foram completamente ignorados nas últimas eleições legislativas em Portugal.
Um número muito pesado, visto que estamos a falar de 20,4% dos votos válidos que não elegeram ninguém. Votos de cidadãos como tu, como eu, que fizeram o seu dever democrático… Isto só e apenas para ver o voto ir direitinho para o lixo.
Infelizmente isto não é força de expressão. Em distritos pequenos como Portalegre, há dois deputados para distribuir. Resultado? Se não votaste nos partidos mais populares, neste caso PS ou Chega, o teu voto não contou para rigorosamente nada. Isto é justo? Isto é democrático?
Pode achar que não, mas esta é uma das grandes razões pela qual a abstenção continua a ser um problema sério. Especialmente no lado dos mais jovens.
Círculos eleitorais demasiado pequenos? Em Portugal não faz grande sentido. São regras antiquadas que precisam de mudar.
O sistema eleitoral português está desatualizado.
Temos demasiados círculos eleitorais, alguns tão pequenos que não permitem representatividade real.
Sim, é verdade que se usa o método de Hondt para distribuir os deputados por distrito, e de facto, até deveria dar algumas vantagens aos partidos mais pequenos. Mas quando só há 2 ou 3 mandatos disponíveis, nem o melhor método do mundo consegue distribuir mandatos de forma proporcional.
Há alternativas?
O círculo nacional de compensação não é nenhuma ideia maluca inventada por um partido de nicho. Já existe nos Açores e podia (devia!) ser aplicado ao resto do país.
Há também outros modelos que poderiam encaixar melhor na realidade Portuguesa, que entretanto já são utilizados em noutros países democráticos.
Assim, com um círculo de compensação nacional de 30 ou 50 deputados, como muitos defendem, dava para corrigir grande parte das injustiças atuais sem sequer mexer nos círculos existentes. Curiosamente, isto já foi proposto várias vezes. Mas os grandes partidos não querem mexer.
O voto não serve apenas para eleger.
Para terminar, caso não saibas, o teu voto dá financiamento aos partidos, ajuda a criar estrutura, e talvez mais importante que isso, dá força a quem quer mexer nas regras.
Além disso, se achas que os votos não chegam, podes também ir mais longe, ao assinar uma petição que tenciona mudar as regras. A mudança tem de começar em algum lado.
Antes de mais nada, o que pensas sobre tudo isto? Partilha connosco a tua opinião na caixa de comentários