Quando se fala em “piloto automático”, muita gente imagina um avião a voar sozinho, como se fosse um modo de cruzeiro no céu. Mas a realidade é um pouco mais complexa e muito mais impressionante. O piloto automático não é igual em todos os aviões. Em alguns modelos, limta-se a manter a altitude ou a direção. Noutros, como em muitos aviões comerciais modernos, consegue controlar praticamente todo o voo: desde a descolagem, subida, voo de cruzeiro até à descida. Mas e a aterragem? Pode um avião pousar totalmente sozinho? A resposta é: sim em certos casos e com muitas condições.
O que é afinal o “autoland”?
O autoland é uma função avançada do piloto automático que permite ao avião realizar a aterragem sem qualquer intervenção humana. Isso inclui:
- a aproximação final,
- o flare (aquela ligeira subida do nariz antes do toque na pista),
- e o próprio toque no solo.
Mas atenção: nem todos os aviões têm esta capacidade. Embora a maioria dos jactos comerciais modernos (como o Boeing 777) suporte autoland, esta funcionalidade só é usada em condições muito específicas, como nevoeiro denso ou visibilidade reduzida.
Como funciona a aterragem automática?
O processo é mais técnico do que se imagina. Para que um avião possa aterrar sozinho, são necessários vários elementos:
Configuração do voo: os pilotos introduzem os dados de aproximação no sistema de gestão de voo (FMS).
Sinal de rádio do aeroporto (ILS): o Instrument Landing System ajuda o avião a alinhar-se corretamente com a pista. Usa duas componentes:
Localizer: diz ao avião onde está a linha central da pista.
Glide slope: indica se o avião está demasiado alto ou demasiado baixo.
Controlo automático completo: O autoland regula o acelerador, a inclinação, os movimentos laterais e até o leme, para manter o avião perfeitamente alinhado.
Tudo é feito com base em sensores e altímetros de precisão, como o altímetro de radar, que mede a altura ao centímetro.
Não é só o avião que precisa de estar preparado
Para que uma aterragem automática seja possível, também o aeroporto tem de estar equipado com tecnologia de ponta. É necessário que:
- A pista tenha ILS de categoria III (os mais precisos),
- Estejam dois pilotos automáticos ativos em simultâneo (por redundância),
- E que os pilotos estejam prontos para intervir caso algo corra mal.
Se qualquer uma destas condições falhar, o sistema é desligado e os pilotos assumem o controlo manualmente.
Sabias que a maioria das aterragem ainda se fazem manualmente?
Apesar de o autoland ser uma ferramenta poderosa, ele não é usado em todas as aterragens. Normalmente, os pilotos preferem aterrar manualmente, sobretudo com boa visibilidade, porque:
Dá-lhes maior controlo em situações inesperadas (vento cruzado, turbulência),
Permite poupar combustível com pequenos ajustes,
E é, muitas vezes, uma exigência de treino para manter a proficiência.
Ou seja, mesmo com toda a tecnologia, os pilotos continuam a ser essenciais.
E depois da aterragem? O piloto automático continua?
Depende do avião. Em alguns modelos mais avançados, o sistema pode ajudar a travar com autobrake, ativar reversores de empuxo automaticamente e até manter o avião centrado na pista durante a desaceleração (fase chamada “rollout”).
Mas o taxiamento até ao terminal faz-se sempre manualmente. Aí, não há piloto automático que valha.