Da paixão pelo futebol à câmara: como nasceu “O fotógrafo dos adeptos”

Há histórias que nascem de um clique e esta é uma delas. Luís Ferreira (@luis_fphoto) é conhecido por muitos como “O fotógrafo dos adeptos”, um nome que já se tornou sinónimo de emoção e autenticidade no mundo do futebol português. O que começou como um simples hobbie acabou por se transformar num projeto que dá voz (e rosto) a quem realmente faz o jogo vibrar: os adeptos.

Entre cânticos, lágrimas e abraços, Luís captou algo que as câmaras da televisão raramente mostram a alma das bancadas. A cada jogo, o seu olhar encontra momentos únicos: o pai que leva o filho pela primeira vez ao estádio, o idoso que ainda se levanta para aplaudir o clube da vida, o grupo de amigos que transforma cada golo numa festa.

Foto: Luís Ferreira

O sucesso nas redes sociais veio naturalmente. As suas fotografias correm o Instagram e o X (antigo Twitter) a uma velocidade digna de contra-ataque, acumulando partilhas e comentários emocionados. Jogadores, figuras públicas e adeptos anónimos reconhecem-se nas suas imagens e é essa ligação genuína que faz do seu trabalho algo especial.

Nesta entrevista exclusiva, Luís Ferreira revela como tudo começou, o que o inspira e por que razão acredita que o verdadeiro futebol está nas bancadas.

Como nasceu o projeto “O fotógrafo dos adeptos”?

Luís Ferreira: Tudo começou na infância, quando jogava nas escolinhas do Estrela da Amadora. O futebol sempre foi uma paixão, mas acabei por seguir outro caminho por incompatibilidade de horários com a escola. A fotografia surgiu como forma de manter-me ligado ao desporto. Comecei por captar jogos de escalões inferiores e, ao passar pelos campos, percebia os olhares curiosos e os sorrisos dos adeptos ao verem um fotógrafo. Sentia que também mereciam ser retratados. Guardava essas imagens como recordações, sem as publicar. Tudo mudou quando comecei a fotografar jogos da Primeira Liga. A emoção vinda das bancadas era tão intensa que quis registá-la. E foi aí que ouvi a pergunta que mudou tudo: “Onde posso ver a foto?” e nasceu o “fotógrafo dos adeptos”.

O que veio primeiro: a paixão pelo futebol ou pela fotografia?

L.F.: Sem dúvida, o futebol. Desde criança, vivi intensamente esse mundo. Era e ainda é o meu desporto favorito, tanto que ainda costumo jogar com amigos todas as semanas. A fotografia veio depois, como uma forma de continuar ligado ao que me apaixonava. Foi uma transição natural, mas carregada de sentimento.

Foto: Luís Ferreira

Porque decidiste focar-te nos adeptos e não apenas nos jogadores?

L.F.: Porque percebi que o desporto sem adeptos é como uma tela sem cor. Falta-lhe vida, emoção, alma. A pergunta “Onde posso ver a foto?” fez-me entender que há histórias incríveis nas bancadas e que merecem ser contadas. Os adeptos são o coração do jogo, e é neles que encontro a verdadeira essência do futebol.

Como geres a tua presença nas redes sociais?

L.F.: Com muito esforço e dedicação. Ver as minhas fotos tornarem-se virais é um orgulho enorme é sinal de que estou a tocar as pessoas. Mas conciliar tudo não é fácil. Tenho um trabalho de segunda a sexta e a fotografia é um hobbie que exige tempo e energia. Faço o melhor que posso, sempre com foco em manter a autenticidade.

Acreditas que as redes sociais são essenciais para este tipo de trabalho?

L.F.: Sem dúvida. Vivemos numa era digital onde as redes sociais são a ponte entre o fotógrafo e o público. Sem elas, muitas imagens minhas e de outros colegas não teriam a dimensão que alcançam hoje. São ferramentas poderosas para dar visibilidade às emoções que captamos.

Já recebeste mensagens marcantes de pessoas que apareciam nas tuas fotos?

L.F.: Sim, várias. Algumas das mais inesperadas vieram de jogadores profissionais que elogiaram o meu trabalho. Também já recebi mensagens de figuras públicas. Mas o mais especial é quando um adepto comum me escreve emocionado por ter sido retratado num momento único. Isso é impagável.

Os adeptos criam uma ligação contigo através das tuas fotos?

L.F.: Sim, e é algo que valorizo muito. Desde que comecei a partilhar as imagens nas histórias do Instagram, recebo muitas mensagens a perguntar como podem obter as fotos. Tento sempre responder com atenção e respeito, porque quero que percebam que não sou apenas mais um fotógrafo sou alguém que se preocupa com as pessoas e com as suas histórias.

Tens alguma história emocionante que viveste enquanto fotografavas adeptos?

L.F.: Tenho várias. Desde pais que levaram os filhos pela primeira vez ao estádio, até filhos que levaram os pais já idosos para um último jogo juntos. Mas a que mais me marcou foi a da D. Elvira. Ela perdeu tudo num incêndio, e o que restou foi o amor pelo “seu Sporting”. Foi convidada a visitar o estádio e eu tive a honra de registar esse momento. Foi mais do que uma foto foi uma memória eterna.

Onde gostavas de levar este projeto?

L.F.: Quero continuar a crescer em Portugal, visitar cada vez mais estádios de norte a sul. Só depois pensarei em expandir para fora ou para outros desportos. Não quero apressar nada quero que cada passo seja sólido e com propósito.

Que conselho dás a jovens fotógrafos que querem destacar-se?

L.F.: A fotografia não se mede por padrões fixos. Uma imagem desfocada, torta ou com cores fora do comum pode ser poderosa se transmitir algo. O meu conselho é: sejam autênticos. Foquem-se no que querem comunicar e aperfeiçoem isso todos os dias. Estudem outros fotógrafos, analisem, inspirem-se, mas criem a vossa própria identidade.

Qual foi a fotografia que mais te marcou?

L.F.: Tenho um top 3. A da D. Elvira, sem dúvida.

Foto: Luís Ferreira

Outra de dois clubes rivais num jogo de futsal um venceu o campeonato, mas no fim, todos se cumprimentaram com respeito. E a terceira o meu idolo no Futebol, o ” Cristiano Ronaldo” a primeira vez que o fotografo num jogo, foi o dia que alcançou mais um marco na história de ter chegado aos 900 golos na carreira.

Entretanto podem encontrar o trabalho do Luís e a sua página do Instagram aqui.

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Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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