O Wi-Fi já é quase como a água e a luz: está simplesmente lá. Trabalhas, vês séries, jogas, falas com a família… e só te lembras do router quando a internet começa a falhar. Mas há um detalhe que muita gente ignora: a porta USB do router. Nos modelos mais recentes, essa porta é vendida como algo “super versátil”. Em alguns casos, dá para ligar pens, discos externos ou impressoras. Em outros, serve apenas para atualizar o firmware. O problema é quando o router começa a ser tratado como se fosse uma tomada ou um carregador universal – aí arriscas lentidão, falhas e até problemas de segurança.
1. Smartphones, tablets e portáteis a carregar no router
É tentador: perdeste o carregador e pensas “deixa lá, enfio o cabo no router e pronto”. Só que a maioria dos routers não foi feita para carregar equipamentos exigentes.
As portas USB 2.0 ou 3.0 dos routers costumam fornecer pouca energia, muito abaixo do que um smartphone moderno ou um portátil precisa. Na prática, o que acontece é:
- o telemóvel carrega devagarinho (ou quase nada);
- o router fica a esforçar-se para fornecer energia e, ao mesmo tempo, gerir o Wi-Fi.
Esse esforço extra pode fazê-lo aquecer mais, ficar instável e até reiniciar quando estás a fazer algo pesado, como streaming ou gaming. A médio prazo, estás a encurtar a vida útil do router sem qualquer vantagem real. Se precisas de carregar dispositivos, usa sempre um carregador dedicado ou uma base USB decente, não o router.
2. Discos externos grandes ligados direto à porta USB do router
Outra ideia popular: ligar um disco externo à porta USB do router para ter uma espécie de “servidor caseiro” com fotos, filmes e backups. Em teoria é ótimo. Na prática, pode ser um pesadelo, sobretudo com discos grandes (4 TB, 8 TB ou mais) e routers modestos.
Nem todos os routers têm potência e capacidade de processamento para lidar com estes discos sem falhas. Alguns nem os reconhecem, outros ligam e desligam o disco, e muitos ficam lentos sempre que alguém tenta aceder a ficheiros pesados. Além disso, se o router só tiver USB 2.0, as transferências vão ser frustrantes.
Há ainda a questão da segurança: um router não oferece o mesmo nível de proteção de um NAS dedicado. Se alguém explorar uma falha no router ou na tua rede Wi-Fi, pode chegar diretamente aos dados do disco. Se queres armazenamento partilhado, um NAS é muito mais seguro e fiável.
3. Pens USB “duvidosas”
Se já é mau ideia ligar um pen drive desconhecido ao computador, pior ainda é ligá-lo ao router. O router é o coração da tua rede: se cair, cai tudo.
Um pen malicioso pode tentar instalar firmware alterado, desativar firewalls, redirecionar o teu tráfego para sites falsos ou criar “portas traseiras” para alguém espiar o que fazes online. Pens oferecidos em eventos, esquecidos no trabalho ou comprados por tuta e meia em sites estranhos são um risco real.
Regra simples: se não confias totalmente na origem do pen, não o ligues ao router. E já agora, mantém o firmware atualizado, usa WPA2/WPA3 e, se possível, uma rede de convidados para dispositivos menos fiáveis.
No fim do dia, lembra-te disto: a porta USB do router não é uma tomada extra. É uma ferramenta útil, mas mal usada pode sair-te cara.
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